'Thereza Collor e Lourdinha Lyra': quem é quem na disputa pela herança de João Lyra

Lourdinha Lyra, filha do parlamentar e inventariante da herança, entrou com um processo contra a irmã, Thereza Collor de Mello, por calúnia e difamação

Por O Globo — Rio de Janeiro


Lourdinha Lyra (esquerda) e Thereza Collor (direita) Reprodução

A empresária Maria de Lourdes Lyra, também conhecida como Lourdinha, está processando a irmã, Thereza Collor de Mello, em meio à briga pela herança de João Lyra, o ex-deputado federal mais rico do país, que morreu em 2021 aos 90 anos de idade devido a complicações relacionadas à Covid-19. Segundo o portal UOL, Maria está acusando Thereza de calúnia e difamação por conta de entrevistas concedidas no último ano.

Lourdinha foi designada como inventariante e logo deu entrada no processo de falência de uma das empresas da família, a Laginha Agro Industrial S/A, conjunto de usinas em Alagoas e Minas Gerais e cuja massa falida é avaliada em R$ 4 bilhões. No entanto, devido a sua suposta má gestão do processo, quatro dos cinco irmãos da empresária afirmam ter pedido a confiança nela e já pediram a sua retirada da função de inventariante.

Saiba quem é quem na disputa pela fortuna de João Lyra:

João Lyra morreu em 2021 e já foi considerado o parlamentar mais rico do país — Foto: Senado do Brasil

João Lyra

João Lyra era natural do Recife e formado em ciências jurídicas na Universidade Federal de Alagoas. Ele foi senador de 1989 a 1991 e deputado federal no período entre 2003 e 2007 e entre 2011 e 2015, quando foi citado na Operação Lava Jato. Além da carreira política, o recifense foi presidente de um conglomerado que incluía a Laginha Agro Industrial S/A, um conjunto de usinas em Alagoas e Minas Gerais. Sua fortuna, estimada em R$ 240 milhões em 2010, rendeu-lhe o título de parlamentar mais rico do Brasil.

Apesar do vasto patrimônio, Lyra enfrentou problemas com a Laginha devido a um cenário econômico desfavorável, priorização da trajetória política e acúmulo de dívidas. A empresa entrou em recuperação judicial em 2008 e foi à falência em 2014, deixando para trás uma massa falida avaliada em R$ 4 bilhões.

O político e empresário foi diagnosticado com Covid em 2021 e enfrentou uma séria de problemas de saúde decorrentes da infecção, incluindo pneumonia e apendicite. Após meses internado em um hospital particular em Maceió, ele faleceu por causa de uma broncoaspiração, que acontece quando alimentos entram pelas vias aéreas.

Maria de Lourdes Lyra

Maria de Lourdes foi vice-prefeita de Maceió entre 2005 e 2012, durante a gestão de Cícero Almeida. Ela gerou controvérsias ao fazer acusações contra o prefeito logo no primeiro ano da carreira política, mas isso não a impediu de concorrer a vice na reeleição. Isso pode ter a ver com o fato de que João Lyra era o mentor político e financeiro de Almeida. Após o fim do segundo mandato, Lourdinha voltou a focar nas empresas da família.

Maria de Lourdes Lyra, ex-vice-prefeita de Maceió — Foto: Reprodução

Em 2018, a justiça determinou a interdição de João Lyra e apontou Maria de Lourdes como a curadora da massa falida da Laginha. Com a morte do ex-parlamentar, ela passou a ser inventariante na partilha da herança, e suas decisões têm enfrentado resistência da família.

Uma das maiores reclamações dos herdeiros foi a nomeação do escritório Telino & Barros como administrador judicial. Eles argumentam que os juristas não têm experiência com esse tipo de caso e que eles já haviam atuado como advogados no processo, o que, por si só, seria um impeditivo ao cargo.

Outro ponto de discordância foi a contratação de Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça de Dilma Rousseff e coordenador jurídico da campanha de Lula em 2022, como consultor tributário da massa falida. Os irmãos de Lourdinha afirmam que os honorários de Aragão poderiam superar R$ 200 milhões.

Thereza Collor de Mello

Thereza Collor de Mello é empresária, historiadora e colecionadora de arte, conhecida por ser esposa de Pedro Collor, irmão de Fernando Collor de Mello. Ela foi um dos personagens que contribuíram para o impeachment do ex-presidente em 1992.

Thereza está sendo acusada de calúnia e difamação por sua irmã, Lourdinha, devido a uma série de entrevistas na qual a historiadora critica abertamente a inventariante da herança de João Lyra.

Thereza Collor é alvo de processo movido por irmã — Foto: Marcos Ramos

Em uma das entrevistas, à revista Veja em julho de 2023, Thereza disse que a gestão de Lourdinha, que ficou responsável por administrar o patrimônio do pai desde que ele ficou com a saúde debilitada, não tinha preparo e estaria impondo “custos astronômicos” com contratos de processo de longa duração “na contramão do que deve ser a falência”.

“Também são preocupantes as ligações profissionais e econômicas entre os assessores jurídicos e financeiros. Com a perpetuação da falência, os credores são prejudicados, e somente os assessores ganham”, afirmou Thereza Collor à publicação.

As críticas se repetiram em outra publicação, na IstoÉ, em novembro de 2023, quando Thereza disse que a gestão da irmã do inventário do pai tem "parcerias suspeitas", além de afirmar que Lourdinha age "com autoritarismo e sem transparência."

A briga familiar envolvendo a herança do ex-deputado é citada por Lourdinha na ação judicial. Segundo o documento, no bojo do processo, em torno da massa falida, travou-se uma verdadeira guerra entre alguns dos herdeiros do ex-parlamentar e a senhora Maria de Lourdes”. Dos cinco irmão da empresária, quatro afirmam ter pedido a confiança nela e já pediram a sua retirada da função de inventariante.

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