Vídeo de Bolsonaro: Moraes, do STF, torna pública gravação de reunião de ex-presidente com ministros investigada pela PF

Encontro ocorreu em julho de 2022 e material foi encontrado com Mauro Cid

Por — Brasília


Reunião ministerial na qual Jair Bolsonaro convoca ministros a agir antes da eleição Reprodução O GLOBO

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tornou pública a íntegra da gravação de uma reunião realizada no dia 5 de julho de 2022, no Palácio do Planalto, na qual que o ex-presidente Jair Bolsonaro e ministros discutem o que a Polícia Federal chama de uma "dinâmica golpista". Trechos do encontro foram divulgados nesta sexta-feira pela colunista Bela Megale, do GLOBO.

"Diante de inúmeras publicações jornalísticas com a divulgação parcial e editada de trechos do vídeo da reunião ocorrida em 05/07/2022, torno-o público", diz o despacho desta sexta-feira.

A determinação do ministro é para que o material, que faz parte da investigação sobre uma suposta tentativa de golpe no país em 2022, fique disponível no site oficial do STF. Parte da transcrição do que foi discutido nessa reunião é citada na decisão do ministro que embasou a operação deflagrada ontem pela PF.

Segundo os investigadores, o material "revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo". A gravação mostra Jair Bolsonaro visivelmente alterado, desferindo ataques ao então adversário Luiz Inácio Lula da Silva, a quem chega a se referir como “satanás”, com sucessivas ofensas a ministros do Supremo, em especial a Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso.

— Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições — disse Bolsonaro em um dos trechos do vídeo.

A gravação também mostra que o ex-presidente viu como um "erro" do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a inclusão das Forças Armadas para a Comissão de Transparência Eleitoral (CTE). Apesar da avaliação, ele considerou que a decisão da Corte o beneficiava.

— O TSE cometeu um erro quando convidou as Forças Armadas para participar da comissão de transparência eleitoral. Cometeu um erro. Eles erraram. Pra nós, foi excelente. Eles se esqueceram que sou o chefe supremo das Forças Armadas? — diz o ex-presidente.

Em 2021, as Forças Armadas foram incluídas pelo TSE, juntamente com outras entidades, na Comissão de Transparência das Eleições, criada com o propósito de ampliar a transparência e a segurança de todas as etapas de preparação e realização das eleições.

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