Em Recife, PT é preterido e possíveis vices de João Campos se filiam a outros partidos da base

Cotados para o cargo pleiteado pela sigla de Lula, quatro secretários municipais agora fazem parte dos quadros do MDB, União Brasil, Republicanos e PCdoB


João Campos Agência Câmara

Os planos do PT de indicar o vice na chapa de João Campos (PSB) para a reeleição em Recife parecem cada dia mais distantes. Nas últimas duas semanas, quatro secretários municipais ventilados para ocupar o cargo se filiaram a outros partidos que compõem a base do prefeito — o MDB, União Brasil, Republicanos e PCdoB. Em contrapartida, o PT insiste na aliança e apresenta dois nomes, já que poderia herdar o comando da capital em 2026, caso João Campos decida disputar o governo de Pernambuco.

Na última terça-feira, Maíra Fischer (Finanças) e Victor Marques (Chefia de gabinete) anunciaram suas filiações no União Brasil e PCdoB, respectivamente. Anteriormente, Marília Dantas (Infraestrutura) e Filipe Matos (Planejamento) já haviam migrado para o MDB e Republicanos, outras duas siglas que integram a base do prefeito.

Os quatro secretários tem proximidade com João Campos e são tidos como nomes de confiança do prefeito, o que facilitaria o movimento de renúncia em 2026, para disputar o Palácio das Princesas.

Enquanto o movimento se distancia do PT, o partido tem articulado nos bastidores os nomes do deputado federal Carlos Veras e do ex-vereador Mozart Sales. Dirigentes ouvidos pela reportagem apostam que o acordo sairá do papel.

Parte dos filiados do PT reconhece que ainda faltam elementos para a aliança se concretizar. O deputado estadual João Paulo, que foi prefeito de Recife entre 2001 e 2009, diz que o apoio ocorrerá independentemente da composição:

— Apesar de o PT ter pleiteado a vice-prefeitura, ainda não tem definição. Uma banda do partido ainda defende a candidatura; outra quer compor, mas o PT decidiu ter duas secretarias e irá apoiar João Campos independentemente disso.

Em meio à disputa pela vice, um único partido que integra a base de João Campos não deseja ocupar o cargo. É o caso do PDT, sigla da atual vice, Isabella de Roldão, que irá desembarcar da prefeitura por reflexos da relação com o PSB em outros estados, em especial no Ceará. Após uma briga interna entre os irmãos Ciro e Cid Gomes, o grupo político do senador deixou o PDT e migrou, justamente, para o PSB.

Antes da rixa familiar, porém, PT e PDT haviam feito um acordo condicionando o apoio a João Campos em Recife à reeleição do cirista José Sarto (PDT) em Fortaleza. O presidente licenciado, Carlos Lupi, deu o troco em dois movimentos: integrou a base da governadora Raquel Lyra (PSDB) na Assembleia Legislativa e anunciou apoio à pré-candidatura do deputado federal Túlio Gadêlha (Rede Sustentabilidade).

A candidatura de Gadêlha, contudo, enfrenta um impasse representado pela federação com o PSOL, que tem como pré-candidata a líder da oposição à Raquel Lyra, Dani Portela.

— Nas capitais, o estatuto do PDT e de outros partidos dá os poderes à direção nacional para resolver. Esse assunto do Recife vem sendo trabalhado pelo presidente Lupi e a posição externada é no apoio à pré-candidatura do deputado federal Túlio Gadelha. Caso ela não se viabilize, vamos sentar com a direção nacional e reavaliar nossa posição — diz o presidente do PDT em Pernambuco, Wolney Queiroz.

Enquanto João Campos define quem estará em sua chapa, Raquel Lyra anunciou que apoiará o secretário de Turismo e Lazer, Daniel Coelho, que recentemente trocou o PSDB pelo PSD.

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