Lira pauta PEC da Anistia, que livra partidos de pagarem multas por descumprirem cota de verbas a negros e mulheres

Deputados queriam votar texto ano passado, mas falta de acordo com o Senado impediu

Por — Brasília


Plenário da Câmara dos Deputados presidida por Arthur Lira Brenno Carvalho / Agência O Globo

RESUMO

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GERADO EM: 18/06/2024 - 17:07

Impacto da PEC da Anistia nas cotas eleitorais

A PEC da Anistia, proposta por Arthur Lira, isenta partidos de multas por descumprir cotas de verbas para negros e mulheres. A proposta enfrenta resistência no Senado, mas avançou na Câmara, podendo impactar a representatividade política. A medida busca flexibilizar as regras eleitorais, gerando debates sobre transparência e equidade.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), incluiu na pauta do plenário desta terça-feira a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Anistia, que livra partidos de pagarem multas por descumprirem a cota de repasse de recursos a negros e mulheres. O tema foi acordado em reunião de líderes nesta terça-feira.

O texto foi analisado por uma comissão especial na Câmara no ano passado, mas não chegou a ser votado. Como o prazo da comissão expirou, Lira pode avocar a proposta para a análise do Plenário.

A proposta retira punições para legendas que não cumpriram a cota de recursos públicos para candidaturas de acordo com critérios de cor e gênero. O texto também deixa de responsabilizar os partidos por falhas em prestações de conta.

A medida conta com o apoio de diversas forças políticas na Câmara, que vão do PT ao PL. Apesar disso, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), chegou a sinalizar que a proposta não iria tramitar com a mesma facilidade na outra Casa. Por conta disso, Lira e líderes partidários haviam decidido não analisar o texto no ano passado, o que fez com que as mudanças não valessem para a eleição de 2024. Após reunião de líderes hoje, Lira recuou e decidiu avançar com o texto.

Uma nova versão do relatório da PEC foi apresentada nesta terça. O relator do texto, deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), incluiu um dispositivo que regulamenta um programa de refinanciamento das dívidas do partido e outro que dá imunidade tributária para as legendas.

De acordo com o texto do deputado do PL, a "a proposta busca clarificar e reforçar" a imunidade tributária, o que na prática cancela "sanções aplicadas e processos em curso que desrespeitam esse princípio constitucional, especialmente em casos em que a ação de execução supera o prazo de cinco anos, assegurando justiça e equidade".

Ao propor a criação de um "Programa de Recuperação Fiscal (Refis) específico para partidos políticos", o relator disse que o instrumento "visa facilitar a regularização de débitos tributários e não tributários, excluindo juros e multas acumulados e permitindo o pagamento dos valores originários com correção monetária em até 180 meses".

O deputado também retirou um trecho que abria margem para descumprimento da cota de 30% de candidaturas femininas. Antes o relatório impedia a punição ao descumprimento da cota caso resultasse em cassação de mulheres, agora não faz mais menção a isso.

Principais pontos do projeto

  • Retira punições para legendas que não cumpriram a cota de recursos públicos para candidaturas de acordo com critérios de cor e gênero
  • Deixa de responsabilizar os partidos por falhas em prestações de contas
  • Define um percentual de 20% de recursos para negros e pardos, enquanto hoje o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estipula uma regra de acordo com a proporção de candidatos, o que representou cerca de 50% no ano passado

No ano passado, a Câmara chegou a aprovar uma minirreforma eleitoral, que consiste em um projeto de lei e um projeto de lei complementar, que trazem dispositivos que reduzem a transparência nos partidos, flexibilizam a cota feminina e podem diminuir o tempo de inelegibilidade pela Lei da Ficha Limpa.

A minirreforma ainda não teve andamento no Senado e foi anexada a um outro pacote de mudanças eleitorais, que também foi articulado por Lira e aprovado pela Câmara em 2021, mas que ficou adormecido na Comissão de Constituição e Justiça da Casa, comandada pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP). Há promessa de avanço da iniciativa por parte dos senadores, com mudanças no texto da Câmara, mas não há previsão de isso acontecer.

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