'Abin paralela' buscou até dados públicos, como nome de senador e integrante de podcast

Suspeitos de fazer parte de esquema de monitoramento se empenharam por informações simples

Por — Brasília


Fachada do prédio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em Brasília Antonio Cruz/Agência Brasil

RESUMO

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GERADO EM: 13/07/2024 - 15:31

Suspeitas de monitoramento e fake news pela Abin

Membros da Abin são suspeitos de monitorar autoridades e opositores de Bolsonaro, buscando informações simples como CPF de senadores. Operação da PF investiga esquema ilegal de produção de notícias falsas.

Ao mesmo tempo em que monitoravam e levantavam informações contra autoridades e opositores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), membros de uma suposta estrutura paralela dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tiveram que se empenhar para conseguir algumas informações simples, como o CPF e nome completo de parlamentares. Também houve uma espécie de "esforço" para descobrir os responsáveis por uma página no X vinculada a um podcast, cujos apresentadores são conhecidos.

Os episódios aparecem em trocas de mensagens recuperadas pela Polícia Federal (PF) e apresentadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) na representação que motivou a quarta fase da Operação Última Milha, realizada na quinta-feira. A PF apura um possível esquema de monitoramento ilegal de autoridades públicas e de produção de notícias falsas, que utilizaria a estrutura da Abin.

Os diálogos ocorreram entre o policial federal Marcelo Araújo Bormevet e o militar do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues, que atuaram na Abin. Os dois foram presos na quinta-feira.

Entre as várias "ações clandestinas" listadas pela PF estão um esforço para levantar informações sobre a cúpula da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, realizada em 2021 e que causou desgaste para o então presidente Jair Bolsonaro.

Bormevet questionou Rodrigues, seu subordinado, se ele conseguiria os CPFs dos senadores. Pouco depois, o militar respondeu que já conseguido o de Omar Aziz (PSD-AM), então presidente da CPI. Bormevet, então, questiona: "O nome completo. É fácil de conseguir?". O nome completo de um senador é facilmente encontrado no site do próprio Senado. Já o CPF pode ser obtido no registro de candidatura.

No mês seguinte, Rodrigues afirmou ao seu superior que estava "quase descobrindo" a pessoa responsável pelo perfil do X Tesoureiros, que fazia críticas ao governo Bolsonaro. O militar acrescentou ainda já ter descoberto "um integrante do perfil Medo e Delírio em Brasília". A conta, no entanto, é de um podcast de mesmo nome, que anuncia publicamente os responsáveis.

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