Após áudio clandestino, Bolsonaro mantém compromissos com pré-campanha de Ramagem no Rio

Ex-presidente reagiu com irritação após PF trazer à tona existência de gravação em computador de aliado, mas decidiu não cancelar eventos na capital fluminense

Por — Rio de Janeiro


Bolsonaro discursa, em março, com o pré-candidato do PL à prefeitura do Rio, Alexandre Ramagem (com a bandeira no ombro): ruídos após divulgação de áudio clandestino Domingos Peixoto/Agência O Globo/16-03-2024

RESUMO

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GERADO EM: 13/07/2024 - 16:36

Compromissos mantidos apesar de áudio clandestino

Apesar de áudio clandestino no computador de Ramagem, Bolsonaro mantém compromissos com pré-campanha no Rio, onde discutia plano para proteger Flávio Bolsonaro. Ramagem adia gravações e presta depoimento à PF sobre monitoramento ilegal. Aliados reforçam presença nos eventos, mas futura candidatura depende da confiança de Bolsonaro.

Mesmo incomodado com a descoberta de um áudio clandestino no computador do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), o ex-presidente Jair Bolsonaro mantém a agenda de compromissos relacionados à pré-campanha do aliado à prefeitura do Rio. Bolsonaro já havia planejado uma viagem à capital fluminense para participar de atos públicos ao lado de Ramagem, a partir da próxima quinta-feira, antes de vir à tona um relatório da Polícia Federal (PF) que identificou uma gravação de uma reunião com o então presidente, datada de 2020.

A descoberta do áudio alterou os planos de Ramagem, que teria gravações de propaganda eleitoral na próxima terça-feira, mas adiou o compromisso. Ele viajará nesta data a Brasília, onde deve se reunir com Bolsonaro para acertar os ponteiros antes das atividades no Rio. Na quarta, Ramagem prestará depoimento à PF para esclarecer indícios de monitoramento ilegal de autoridades públicas quando ocupava a direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), na gestão Bolsonaro.

O áudio clandestino veio à tona no âmbito desta investigação. Na gravação, Bolsonaro discutia com aliados um plano para blindar seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em meio a investigações sobre a prática de "rachadinha".

Após a divulgação do conteúdo, coube ao próprio Flávio o papel de apaziguar os ânimos e de reforçar, na manhã de sexta-feira, que estava mantida a programação de Bolsonaro no Rio. O ex-presidente chegará à cidade na quinta-feira para um ato público na Tijuca, Zona Norte da cidade. No dia seguinte, há a previsão de uma caminhada pelo Calçadão de Campo Grande, na Zona Oeste. Também estão previstos compromissos em municípios da Baixada Fluminense e da Região Metropolitana.

Ao divulgar um vídeo ao lado do pai, na manhã de sexta, listando os compromissos e convocando apoiadores, Flávio não fez menção explícita à presença de Ramagem.

Aliados da dupla, no entanto, reforçaram que o pré-candidato à prefeitura do Rio estará nos eventos. O vice-prefeito Nilton Caldeira (PL), que é pré-candidato a vereador na capital fluminense, usou as redes sociais na rede de sexta para convocar aliados ao evento na Tijuca, e destacou as presenças tanto de Bolsonaro, quanto de Ramagem.

Na sexta, o próprio Bolsonaro declarou à emissora CNN que viajaria ao Rio na próxima semana e que Ramagem estará presente. Neste sábado, ao colunista Paulo Cappelli, do portal Metrópoles, o ex-presidente reiterou que a pré-candidatura de Ramagem "está de pé", e minimizou o impacto da descoberta do áudio. Segundo Bolsonaro, em declarações ao portal, "muita gente não acerta" ao tentar interpretar suas reações ao noticiário.

Também na última sexta, Ramagem argumentou, em suas redes sociais, que a divulgação do conteúdo do áudio reforça que não houve “interferência ou influência em processo vinculado ao senador Flávio Bolsonaro”, sendo a demanda resolvida “exclusivamente em instância judicial”. O deputado federal também criticou a atuação da PF no caso.

Na noite de sexta, Ramagem participou de compromissos de pré-campanha com outros parlamentares do PL no Rio, como a deputada federal Chris Tonietto, que já foi cotada como sua vice, e o deputado estadual Márcio Gualberto.

Apesar da aparência de normalidade, interlocutores da campanha de Ramagem avaliam que a manutenção da pré-candidatura dependerá do "estado de confiança" de Bolsonaro em relação ao aliado nos próximos dias, à medida em que ficarem mais claras as circunstâncias da gravação.

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