Vídeo para 'derrubar' Poderes e mensagem sobre 'pelotão de frente': as provas contra ‘Fátima Tubarão’

Moraes votou para condenar ré a 17 anos de prisão por participação em atos golpistas do 8 de janeiro

Por — Brasília


Maria de Fátima, de Tubarão, ré pelos atos golpistas do 8 de janeiro Antonio Augusto/STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou para condenar Maria de Fátima Mendonça Jacinto a 17 anos de prisão pela participação nos atos golpistas do 8 de janeiro. Moraes justificou seu voto em provas apresentadas pela Polícia Federal (PF), como um vídeo no qual ela, conhecida como "Fátima Tubarão", defende "derrubar" os Três Poderes.

A PF apontou que, no dia 8, Fátima gravou um vídeo afirmando que era preciso retirar do poder o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vice-presidente Geraldo Alckmin do poder. Ela ainda defendeu uma "limpa geral", afirmando que era preciso "tirar tudo".

"É pra limpar, não é pra deixar nem Alckmin nem Lula. Ninguém. Vamos pedir para limpar o Congresso. Não pode de outro jeito querer tirar só Lula. Se tirar Lula fica Alckmin, mais bandido ainda. É os Três Poderes, derrubar tudo.. Só o Lula, vamos tirar tudo. É tudo, tudo, limpa geral. É limpa geral, é uma faxina só", afirma a transcrição apresentada pela PF.

Também foram apresentadas mensagens trocadas por Fátima, inclusive depois dos atos golpistas. No dia 20 de janeiro, ela afirmou em um áudio que estava no "pelotão de frente lá no Três Poderes, na casa do Xandão", em referência a Moraes.

Ainda foi citada uma matéria do portal G1, com outro vídeo filmado por ela no dia 8. Na gravação, ela diz que estava "quebrando tudo", que era uma "guerra" e que iria "pegar o Xandão agora". Nessa gravação ela é apresentada como "Fátima de Tubarão", em referência a sua cidade de origem em Santa Catarina.

Moraes votou para condenar Fátima pelos cinco crimes que foram apontados pela Procuradoria-Geral da República (PGR): abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, associação criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

"As imagens extraídas de seu aparelho celular e o vídeo publicado no G1 demonstram que a ré estava plenamente alinhada aos propósitos golpistas da horda, o que infirma a versão defensiva de que teria adentrado o Supremo Tribunal Federal para se abrigar", escreveu o ministro em seu voto.

Em depoimento, Fátima afirmou que o objetivo da ida a Brasília era apenas conversar com Moraes e pedir o código-fonte das urnas eletrônicas (que, na verdade, já era público). Ela disse, no entanto, que quando chegou na Praça dos Três Poderes as depredações já haviam ocorrido e ela não quebrou nada.

O caso está sendo analisado no plenário virtual o STF. O julgamento começou nesta sexta-feira e está programado para durar até o dia 9.

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