Picado pelo amor à Viradouro, o bailarino Wesley Torquato se diz feliz por ter contribuído para abrir os caminhos para a vitória da escola na pele da serpente da comissão de frente e já pensa no desfile de 2025. Se agora é só sorriso, ele caiu no choro e abraçou a coreógrafa Priscilla Mota ao final do desfile na Apoteose.
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— Foi um preparo de meses, foram muitos ensaios. Estou em êxtase — contou o bailarino e artista circense na dispersão do desfile, antes de o público conhecer o segredo criado pelos coreógrafos campeões Priscilla e Rodrigo Negri, que deram um skate elétrico para Wesley pilotar sob a armação da serpente confeccionada por profissionais amazonenses do festival de Parintins.
Aos 23 anos, este é o segundo dele na Viradouro e o sexto com o chamado “casal segredo” em comissões de frente. O esforço foi premiado com os 40 pontos recebidos dos jurados, o campeonato e o Estandarte de Ouro como melhor comissão.
— A preparação foi de quatro meses, desde o final de outubro. Mas o trabalho da concepção da comissão está acontecendo há mais de um ano. Eles começam a pensar quando acaba o carnaval. A Priscilla me fez a proposta: “Este ano você vai ser a cobra”. Apresentou a maquete, falei que era muito doido, mas vamos embora. No dia 25 de dezembro, ensaiamos depois da ceia, de 1h às 7h, no Sambódromo, o mais escondido possível. Depois que fiz aquele ensaio lá tudo mudou, a coreografia se firmou. Foi o primeiro dia que a cobra foi para a Sapucaí, ainda levamos outra vez. Não poderia ter chance de ninguém ver. A gente abriu mão de tudo para ensaiar.
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Morador da Gamboa, vizinho da Cidade do Samba, Wesley, que começou a dançar aos 8 anos em um projeto social, fala da importância de ter na comissão um artista de Niterói. Como adiantou O GLOBO-Niterói na semana passada, o passista Tavin Leandro, cria da Viradouro desde o 7 anos, entrou este ano para o grupo de Priscilla e Rodrigo.
— Um dos integrantes era da comunidade. O Tavin é um cara surreal e foi um dos principais pilares para que a cobra acontecesse. Ele ser da escola, o amor dele pela Viradouro desde criança, isso trouxe uma energia a mais para a gente. Ele ficou muito impactado, ficava na função da cobra que subia, no alto do carro. Nos ensaios ele falava: “Vocês estão ligados que estão desfilando na Viradouro, né?”— lembra Wesley.
E a paixão do colega Tavin pela vermelho e branco de Niterói também contagiou Wesley, que não pensa em se despedir da escola:
— A Viradouro é um divisor de águas na minha carreira. O foco é colher os frutos desse trabalho e já pensar no ano que vem, mais uma vez à frente da escola. Vou descansar um pouco, potencializar a carreira do jeito que puder e agradecer muito aos meus coréografos e à escola, que abriram uma porta para mim. A Viradouro é uma escola a ser seguida, que trouxe uma cara nova para o nosso carnaval — afirma Wesley, agora sorrindo.