Canal de Itaipu, em Niterói, seca e pesca fica comprometida na lagoa

Prefeitura estima que ordem de início para obras de recuperação sairá em maio

Por — Niterói


Canal de Itaipu com trechos secos, na quarta-feira, dia 17: barcos não conseguiam passar Lívia Neder

"Para quem pesca está impossível. Quem está de barco do outro lado não consegue passar com essa lagoa cada dia mais seca”. O desabafo do pescador artesanal Fernando Victor Velho Domenech foi compartilhado através de um vídeo publicado nas redes sociais na quarta-feira, dia 17, que mostrava o assoreamento da Lagoa de Itaipu. Naquele dia, o canal que faz a ligação com o mar estava quase totalmente obstruído, e dava para caminhar em boa parte da área do espelho d’água. Enquanto pescadores dizem que esse é o pior momento da lagoa e cobram uma ação que não seja paliativa, a prefeitura promete intervenções de recuperação no mês que vem.

Veja imagens do canal e da Lagoa de Itaipu secos

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Registros foram feitos em 17 de abril; pescadores não puderam trabalhar

Presidente da Associação de Pescadores e Pescadoras da Resex Marinha de Itaipu e Lagoa de Itaipu, Jairo Augusto Silva cobra um diálogo maior do poder público com a comunidade pesqueira:

— A prefeitura vem fazendo ações paliativas de desobstrução do canal para o mar fazer a regeneração da lagoa e ela não virar um esgoto a céu aberto. Mas a areia retirada fica na borda, e o mar de ressaca joga tudo de volta para o canal. Acreditamos que o correto seria fazer um estudo de impacto, promovendo um diálogo entre técnicos e a comunidade para garantir essa troca de experiências.

Em nota, a prefeitura explica que o Projeto de Recuperação Estrutural dos Guias-Correntes e Desobstrução do Canal de Ligação da Lagoa de Itaipu e as Praias de Itaipu e Camboinhas já foi homologado e que a partir da legalização junto ao consórcio vencedor, o que está prestes a acontecer, a expectativa é que a ordem de início das obras seja oficializada. A previsão é que isso ocorra na primeira quinzena de maio e que as ações durem cerca de 15 meses. O investimento total será de R$ 44 milhões.

“Realizado pela Secretaria municipal de Obras e Infraestrutura, o projeto tem como objetivo recuperar o sistema lagunar da região. O projeto pretende fazer a remoção do volume de areia depositado no canal de ligação entre a lagoa e o mar, bem como a recuperação estrutural dos guias-correntes. Os moles serão refeitos e o canal será desassoreado a uma profundidade de dois metros. O assoreamento é natural e causado pela dinâmica costeira da região, porém é importante essa ligação das águas do mar para manutenção da vida na lagoa. Com essas medidas, o fluxo de água será redirecionado de forma que evite o acúmulo de sedimentos na lagoa. Com essa reforma, o objetivo é acabar com a mortandade de peixes. Haverá navegabilidade”, diz a nota.

Representante do Conselho Comunitário da Região Oceânica, o biólogo Carlos Jamel avalia que a intervenção proposta deve funcionar, mas diz que é preciso manutenção.

— O projeto passou por uma discussão com a sociedade; demos sugestões no comitê de bacias que foram aceitas, como recuperar o tamanho original dos moles de pedras. Pode não ser um projeto perfeito, tem pescadores que defendem moles maiores. Mas atende parte das expectativas para que o canal continue aberto por um bom tempo, se houver manutenção para ir desassoreando e não deixar se passarem 40 anos, como ocorreu.

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