Centenário da Portela vira drama em desfile acidentado

Maior campeã do carnaval carioca, com 22 títulos, teve problemas que ofuscaram a celebração da trajetória da escola

Por Aydano André Motta — Rio de Janeiro


Desfile da Portela na Marquês de Sapucaí Gabriel de Paiva

Mais aguardada escola do ano, a centenária Portela protagonizou o primeiro momento trágico da festa de 2023. O desfile marcado por acidentes e problemas em fantasias e setores-chave para o julgamento afasta a maior campeã de todas até do Sábado das Campeãs. Uma lástima.

Afora o acidente com o terceiro carro, que bateu na frisa no setor 3, paralisando o desfile e abrindo imenso buraco, havia problemas em outras alegorias e fantasias. A celebração à própria trajetória e seus inúmeros artistas, terminou ofuscada pelos problemas.

A peruca da porta-bandeira Lucinha Nobre despencou no segundo módulo de julgamento, onde a comissão de frente também teve contratempos. A escola abriu buracos em diversos pontos e teve de correr.

A magia da Sapucaí pelas lentes de O GLOBO

51 fotos
Fotógrafos do jornal lançam luz sobre detalhes de fantasias, instrumentos e expressões na avenida do samba

Vilma Nascimento reviveu os tempos gloriosos de Cisne da Passarela, caracterizada como porta-bandeira, dançando com Jeronymo, figura icônica da azul e branco. Momento lindo em meio ao caos.

As escolhas do casal de carnavalescos, Márcia e Renato Lage, foram bem questionáveis. Os estandartes que anunciavam os setores tornaram a apresentação esquemática. De bom, a águia dourada e azul, digna das tradições portelenses.

Mais uma efeméride se acaba em problemas na Sapucaí. Como o Salgueiro nos 50 anos (também com Renato Lage) e a Beija-Flor, a Portela não terá motivos para lembrar das bodas.

Conheça a letra do samba

“O azul que vem do infinito"

  • Autores: Wanderley Monteiro, Vinicius Ferreira, Rafael Gigante, Edmar Jr, Bira e Marcelāo

Prazer novamente encontrar vocês

Ali pela bandas de Oswaldo Cruz

Nosso mundo azul ganha vez

E aquela missão nos conduz

Eu, Rufino e Caetano

No linho, no pano, pescoço ocupado…

Vencemos mesmo marginalizados

No bailar, uma porta

Bandeira a nobreza desfila

Humildade…

Natal nos guiou, deu águia!

A majestade…

“Abre a roda”, “malandro, que o samba chegou ”

Andei na “Lapa”, também já “subi o Pelô”

“Macunaína” falou: nas “maravilhas do Mar” “a brisa me levou”

Eis um “Brasil de glórias” que incandeia

A “vaidade” é um “conto de areia”

Eu vim me apresentar:

“Deixa a Portela passar!”

Lendas e mistérios “de um amor"

Casa onde mora a profecia

Clara como a luz de um esplendor

Cem anos da mais bela poesia

Vivam esse sonho genuíno

De fazer valer nosso legado

Vejo um futuro mais lindo

Nas mãos de quem sabe o valor do passado

Ser Portela é tanto mais

Que nem cabe explicação

Basta ouvir os baluartes

Pra chorar de emoção

Cavaco e viola… a velha linhagem

A benção Monarco pra essa homenagem

O céu de Madureira é mais

Bonito te amo, Portela, além do infinito

Ficha técnica

  • Fundação: 11/04/1923
  • Cores: Azul e Branco
  • Presidente: Fábio Pavão
  • Carnavalescos: Renato Lage e Márcia Lage
  • Diretor de carnaval: Wilsinho Alves
  • Mestre de bateria: Nilo Sérgio
  • Rainha de bateria: Bianca Monteiro
  • Intérprete: Gilsinho
  • Mestre-Sala e porta-bandeira: Marlon Lamar e Lucinha Nobre
  • Comissão de Frente: Leo Senna e Kelly Siqueira

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