Carnaval 2024: governo do estado anuncia R$ 62,5 milhões; escolas do Grupo Especial dividirão R$ 26,4 milhões

Castro também comentou sobre a gestão do Sambódromo, prometendo diálogo para poder tomar a 'melhor decisão para todos'

Por — Rio de Janeiro


Castro ao lado da secretária de Cultura Danielle Barros; Pedro Silva, presidente da Superliga; Wallace Palhares, presidente da LigaRj; e Jorge Perlingeiro, à frente da Liesa João Vitor Costa / Agência O Globo

Anunciado como o maior investimento do governo do estado do Rio na história do carnaval, o governador Cláudio Castro divulgou na tarde desta sexta-feira o investimento de mais de R$ 60 milhões para a folia de 2024. A maior parte do montante será destinado às escolas de samba — da Sapucaí e da Intendente Magalhães — e beneficiará, ainda, blocos de rua, grupos de bate-bolas e foliões de Reis, apesar da previsão de R$ 8,5 bilhões de déficit orçamentário no próximo ano.

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As 12 agremiações do Grupo Especial irão dividir a quantia de R$ 26,4 milhões, cerca de R$ 2,2 milhões para cada escola de samba. A LigaRJ, responsável pela Série Ouro, terá R$ 9,78 milhões; e a Superliga, à frente das escolas de samba que desfilam na Estrada Intendente Magalhães, ficará com R$ 4,3 milhões. Outro anúncio é o de destinação de R$ 10 milhões à Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), para um projeto de “carnaval o ano inteiro” na Cidade do Samba.

Os valores foram comemorados por Jorge Perlingeiro, presidente da LIESA, instituição que completa 40 anos em 2024. Segundo ele, o investimento de R$ 10 milhões, por exemplo, possibilitará uma melhor preparação para a recepção de turistas, como no emprego de guias bilíngues, visitas a barracões e melhoria na área de alimentação. Outra novidade para 2024 é a mudança de endereço da apuração na Quarta-feira de Cinzas: deixando a Praça da Apoteose para ser realizada na Cidade do Samba.

— Será um mega espetáculo. Até 15 anos atrás, iam 15 mil pessoas assistir à apuração. Hoje não tem mil pessoas assistindo, aquilo é só concreto armado, sem vida. Na cidade do samba a serão 1200 convidados, carro de som, bateria, queima de fogos e o presidente que ganhar o carnaval vai fazer volta olímpica. Sem cobrar ingresso — afirmou Perlingeiro, que foi um dos presentes na cerimônia desta sexta-feira, realizada no salão nobre do Palácio Guanabara, sede do governo do estado.

De acordo com a Secretaria estadual de Cultura, as escolas de samba deverão prestar contas a partir da planilha orçamentária aprovada durante a inscrição do projeto, com prazo de entrega de 60 dias após o término das atividades.

Segundo Cláudio Castro, o valor anunciado pelo governo "é investimento, não é gasto", com a previsão de retorno financeiro, a partir da atração de turistas.

— Quando a escola sabe com o que vai contar do estado, a partir daí é com elas, achar o fornecedor, o serviço de qualidade, é poder divulgar. O que estamos fazendo aqui é muito mais do que uma divulgação do valor investido, é a valorização de um ativo gigante do Rio de Janeiro que é o carnaval. Que não tem religião, cor, gênero, ou sexo. Goste ou não goste do carnaval, muita gente em volta de você sobrevive, ganha ou lucra com o carnaval — explicou o governador, valorizando seu anúncio feito antes da virada do ano, em um cenário que até outrora era dominado pelo atual prefeito do Rio, Eduardo Paes.

Na plateia do Palácio Guanabara nesta sexta-feira, também estiveram presentes os presidentes da LigaRJ, Wallace Palhares, e da Superliga, Pedro Silva.

Representantes das escolas de samba também marcaram presença — como os presidentes da Portela, Fábio Pavão; da Beija-Flor, Almir Reis; da Unidos da Tijuca, Fernando Horta; do Paraíso do Tuiuti, Renato Thor; e da Vila Isabel, Luiz Guimarães, filho do bicheiro Capitão Guimarães —, que ouviram da plateia ainda discursos dos secretários estaduais de Turismo, Gustavo Tutuca, e de Cultura, Danielle Barros.

Dinheiro na conta: escolas devem ter R$ 10 milhões, cada

No último dia 30, a prefeitura do Rio havia liberado o subsídio de R$ 2,15 milhões para cada agremiação do Grupo Especial (totalizando R$ 25,8 milhões). Na publicação no Diário Oficial, o valor de R$ 14,8 milhões também foi confirmado, esse a ser dividido entre as escolas de samba da Série Ouro, segunda divisão do carnaval carioca.

As escolas dispuseram de R$ 7 milhões, cada, no último carnaval e a previsão é que, para 2024, cada uma tenha R$ 10 milhões, a partir dos subsídios, patrocínios e ingressos, conforme pontuou Perlingeiro. No início do mês, a liga das escolas de samba também fechou maior patrocínio da história do carnaval, com uma grande cervejaria, que prevê exclusividade no Sambódromo nos próximos três anos.

— No final de tudo, a gente vai ter um grande carnaval para 2024. Esse investimento e essa parceria com o governo do estado são fundamentais para que o nosso espetáculo possa continuar evoluindo e prosperando — explicou Gabriel David, diretor de Marketing da Liesa, e filho do bicheiro Aniz Abraão David, o Anísio.

Governador promete 'diálogo' por Sambódromo

Outro assunto comentado por Castro no evento foi sobre a gestão no Sambódromo, após aprovação na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) de um projeto de lei que devolve a Passarela Professor Darcy Ribeiro, como é batizada, para o governo do estado. O projeto depende da sanção do governador, que tem 15 dias para aprová-lo ou não.

— Marco Maciel dizia que quem tem prazo não tem pressa. Como tenho prazo, não tenho pressa para definir isso. Será na base do diálogo. Irei buscar dialogar com representantes das escolas, do parlamento e da prefeitura, e, dentro do prazo, tomo a melhor decisão para todos — disse Castro.

São Jorge da Vila Isabel: uma das sensações do carnaval 2023 — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo / 20-02-2023

A proposta do deputado Rodrigo Amorim (PTB) é de revogar decreto que reconhecia de domínio do município do Rio imóveis na região da Cidade Nova, depois da fusão do Estado da Guanabara com o Rio, em 1975. Os imóveis antes pertenciam à Prefeitura do Distrito Federal, que era no Rio de Janeiro. Por isso, o Sambódromo era, até então, administrado pela Prefeitura do Rio.

Uma decisão de 2021 do Supremo Tribunal de Justiça havia concluído que o terreno não é municipal, nem estadual, mas federal, já que a área pertencia à Marinha. O Sambódromo, entendeu o STJ, foi construído de maneira irregular, sem o consentimento da União. Por outro lado, por entender que o espaço estava consagrado a um uso cultural, a prefeitura seria a proprietária do complexo.

Blocos e folias de reis

Castro detalhou ainda que, por meio de editais culturais, serão destinados valores para outras festas do carnaval, para além dos desfiles das escolas de samba. Serão R$ 2,5 milhões para bate-bolas, R$ 5,27 para blocos e R$ 2,9 milhões para a Folia de Reis.

Segundo a secretária de Cultura, Danielle Barros, é preciso "cuidar do cidadão do estado do Rio", como um todo, e não só da capital:

— Nós precisamos cuidar do folião de reis, daqueles que fazem a festa do bate-bola acontecer, e da festa da capital. Mas a gente precisa ser um estado horizontal, valorizar os festejos e as festas do interior, e cuidar daquele que é nosso grande espetáculo, que acontece na Marquês de Sapucaí.

Datas dos desfiles

Os desfiles do Grupo Especial estão marcados para os dias 11 e 12 de fevereiro de 2024, domingo e segunda-feira, respectivamente.

A Porto da Pedra, que subiu de divisão após vencer a Série Ouro, abre a primeira noite de apresentações, seguida por Beija-Flor, Salgueiro, Grande Rio, Unidos da Tijuca e a atual campeã Imperatriz.

Já a segunda noite de desfiles começa com a Mocidade, seguida por Portela, Vila Isabel, Mangueira, Paraíso do Tuiuti e Viradouro.

Série Ouro

Com oito escolas por noite, União do Parque Acari, Império da Tijuca, Vigário geral, Inocentes, Estácio, União de Maricá, Acadêmicos de Niterói e Ponte desfilam na sexta.

Já no sábado, é a vez de Sereno de Campo Grande, Em Cima da Hora, Arranco, União da Ilha, Unidos de Padre Miguel, São Clemente, Unidos de Bangu e Império Serrano.

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