Saiba o que fazer em caso de ataque de um pitbull

Veterinário explica comportamento dos cães durante ataque e como agir durante um episódio

Por Camila Araujo — Rio de Janeiro


Os cachorros de Orochi, que ficam soltos, sem coleiras e focinheiras fora da mansão do rapper Reprodução

Em um mesmo dia, duas histórias de ataques de cães ferozes a outros animais e pessoas chamaram atenção no Rio. Um menino de nove anos foi mordido na perna por um cachorro da raça pitbull, que estava solto em uma rua da Baixada Fluminense. No condomínio do ator Cauã Reymond, dois dos seus cachorros foram atacados durante um passeio da família. Diante de situações como essa, algumas atitudes podem evitar danos ou mesmo tragédias.

O animal dá sinais quando há algum conflito na comunicação corporal entre ele e outros animais ou as pessoas do entorno, como explica o veterinário comportamentalista canino, Rafael Colin.

– Se a orelha está para frente, o cachorro está com o olhar tenso, o cachorro está te encarando parado ou andando na sua direção, o pelo do torso dele está ouriçado, o rabo está muito para cima, são sinais de que existe algum grau de conflito dentro dessa comunicação – elenca Rafael, que orienta:

– A melhor coisa a fazer é parar, mudar a rota, fazer outro caminho se possível. Pode tentar usar um graveto ou outro objeto para usar apenas como ameaça – não para bater no cachorro, mas para atrair a atenção dele e direcionar uma eventual mordida no objeto e não em alguma parte do corpo. Se está com uma criança, coloca no colo, de preferência na parte mais alta e com calma, nunca com movimentos bruscos que podem assustar o cão e ativar o extinto de caça ou de defesa, causando o ataque – explica.

Se mesmo assim o cão morder e não se desvencilhar ou continuar abocanhando com novos ataques, levando ao risco iminente de morte de uma pessoa ou do outro animal atacado, uma medida extrema pode ser tomada. Ele reforça que exclusivamente em situações de sobrevivência, ou seja, de vida ou morte.

– Para separar uma briga intensa em que um cão não solta uma pessoa ou outro animal, uma medida de emergência pode ser o enforcamento do cão que está realizando o ataque. Sem ar, o cachorro abre a boca instintivamente. Mas é extremamente necessário ter muito cuidado e perícia nessa ação, porque não é para tirar a vida do cão, apenas para que ele solte o atacado. Soltou, separou, se afaste e se abrigue.

Ele também aponta uma maneira de evitar o susto com animais no momento de uma interação bem-intencionada. Viu um cachorro na praça e quer cumprimentar? É bom ter cautela. O veterinário diz que a forma como a maioria das pessoas interage com os cães na rua é equivocada.

- A primeira coisa é não encarar o cachorro. E antes de abordar um, da raça que for, é preciso perguntar à pessoa que está com animal – se for o caso – se o contato é seguro. Deixar o cão farejar sua mão e se aproximar no tempo dele. Virar de lado ou de costas pode deixar o animal mais confortável. Ainda assim pode acontecer uma mordida, ele pode ter algum receio, algum trauma. É preciso cuidado.

Não é só a forma como o cão é criado, existe, segundo o veterinário uma carga genética responsável pelo jeito de cada cachorro. Há raças mais temperamentais do que outras. Os grupos Bull, Terrier, Fila-brasileiro e Buldogs costumam ter mais problemas para tolerar situações de frustração.

- O ideal é que as pessoas escolham as raças de acordo com o que são capazes de proporcionar aos bichos. Avaliar os pontos positivos e negativos de cada uma junto a uma consultoria especializada pode ajudar. Muita gente adota uma raça sem conhecer a fundo só porque está na moda e acaba tendo problemas.

Em ambos os casos relatados acima, os cães não estavam com guia, ou seja, circulavam livremente pela rua. O veterinário comportamentalista canino, Rafael Colin, afirma que o uso da ferramenta é a primeira recomendação para quem tem cachorro de qualquer raça.

– Cachorro deve andar na guia. Isso é lei e mesmo se não houvesse. A guia é uma segurança para o cachorro e não só para as outras pessoas – explica, enquanto reforça que é preciso avaliar o tipo da guia. – Não qualquer uma também. A guia retrátil, por exemplo, que tem cinco metros de distância é problemática. Você fica distante demais do cachorro e perde facilmente o controle numa situação desse tipo. Se o cachorro vira uma esquina primeiro que o dono, como pode acontecer, ele não sabe o que pode encontrar lá – alerta.

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