Apontado como chefe da máfia do cigarro, Adilsinho é alvo de operação no Rio por morte do miliciano Marquinho Catiri

Ação é da Delegacia de Homicídios da Capital. Adilson Coutinho Oliveira Filho ficou ainda mais conhecido após fazer uma festa luxuosa em hotel da Zona Sul do Rio com 500 convidados durante a pandemia de Covid-19

Por O GLOBO — Rio de Janeiro


Adilson Coutinho Oliveira Filho, o Adilsinho Reprodução

A Delegacia de Homicídios da Capital deflagrou, na manhã desta terça-feira, uma ação visando cumprir mandados de prisão temporária e de busca e apreensão contra Adilson Coutinho Oliveira Filho, o Adilsinho. Ele é suspeito de ser o mandante da morte do miliciano Marco Antônio Figueiredo Martins, o Marquinho Catiri, e de Alexsandro José da Silva, o Sandrinho, ocorridas em novembro de 2022.

De acordo com as investigações, Catiri era o chefe da milícia que atua nas comunidades Águia de Ouro, Guarda, Fernão Cardim, entre outras, em Del Castilho e Inhaúma, na Zona Norte do Rio. Sandrinho era um dos integrantes da organização criminosa.

Catiri foi morto quando saía de uma academia, da qual era o dono e teria sido montada para o seu uso exclusivo. Após o crime, agentes foram ao local e identificaram um imóvel, localizado na Rua Pedro Borges, que tinha ampla visão para onde as vítimas se encontravam. Segundo a polícia, criminosos utilizaram o imóvel como base para o ataque. No local, foram apreendidos 58 estojos de fuzil, calibre 762.

Durante o ataque — do qual pelo menos 10 criminosos participaram —, além de fuzis, os autores também utilizaram granadas, sendo uma delas arrecadada e detonada pelo Esquadrão Antibombas da Polícia Civil.

Marquinhos Catiri foi morto em Del Castilho — Foto: Reprodução

As investigações, desenvolvidas até o momento, revelaram ainda o envolvimento da organização criminosa integrada pelos acusados em outros homicídios, entre eles o do policial civil João Joel da Araújo, ocorrido em 11 de maio de 2022, no bairro de Guaratiba, Zona Oeste do Rio, e do policial penal Bruno Kilier, em 8 de junho deste ano, no Recreio dos Bandeirantes, também na região.

Presos anteriormente

George Garcia de Souza Alcovias foi preso no dia dezembro de 2022, pela DHC, no município de Francisco Morato, em São Paulo, para onde fugiu no dia seguinte ao crime. A fuga foi uma orientação da organização criminosa, que tinha como objetivo mandá-lo para o Paraguai.

José Ricardo Gomes Simões foi preso em março deste ano, na orla da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Na ocasião, foram apreendidas duas armas e aparelhos celulares. Um terceiro acusado pelo crime, identificado como Rafael do Nascimento Dutra, conhecido como “Sem Alma”, foi alvo de operação deflagrada no último dia 17, porém até o momento não foi localizado. Contra ele há um mandado de prisão preventiva em aberto.

Segundo a Polícia Civil, o município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, era feito de base operacional da quadrilha, já que tanto George quanto Rafael residiam na cidade.

Aliança entre miliciano e bicheiro

Num áudio enviado para o contraventor Bernardo Bello, obtido pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) com autorização judicial, o miliciano Marco Antonio Figueiredo Martins, o Marquinhos Catiri, diz estar à frente dos negócios de Bello e que, por isso, precisou contratar seguranças: “A minha cabeça está valendo quatro milhões”. Ele também contou ser o responsável por pagar propinas às delegacias especializadas para os policiais fingirem não verem os jogos de azar e não reprimirem a jogatina.

Bernardo Bello é réu no homicídio do rival na contravenção, Alcebíades Paes Garcia, o Bid, em fevereiro de 2020, quando voltava dos desfiles da Marquês Sapucaí. Na última quinta-feira, o contraventor foi alvo de uma operação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Polícia Civil pela morte do advogado Carlos Daniel Dias, ocorrido em maio de 2022, no bairro do Cafubá, na Região Oceânica de Niterói.

Quem é Adilsinho

Adilsinho, ficou conhecido em maio de 2021, após o convite de sua festa de aniversário viralizar. Com apenas 36 segundos, a gravação em preto e branco fazia alusão ao envolvido com máfia dos cigarros e trilha sonora do filme “O poderoso chefão”. Imagens mostram três homens fumando charuto e bebendo num hotel luxuoso. O estilo ostentador e excêntrico não se limitou ao convite. Mesmo em meio à pandemia de Covid-19, Adilsinho celebrou o aniversário com uma festa para 500 pessoas no Copacabana Palace, hotel de luxo na Zona Sul do Rio.

Ele foi alvo de duas operações contra a máfia do cigarro. A primeira, batizada de Fumus, deflagrada em 2021 pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do estado. Ele teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, mas não foi encontrado, sendo considerado foragido. No entanto, no início de julho de 2022, uma liminar favorável determinou a suspensão da ação penal.

Adilsinho também foi alvo da Operação Smoke Free, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. A ação visava prender também José Eduardo Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral.

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