Sonhando em ter um parto natural, a mãe do pequeno Ravi, bebê sequestrado na Maternidade Municipal Maria Amelia Buarque de Hollanda, no Centro, na madrugada de terça-feira, conta que ficou mais de 24 horas em trabalho de parto e cochilou por apenas meia hora quando seu filho foi levado. Com uma gravidez de alto risco, Nívea Maria Rabelo Moreira reatou, em entrevista ao Fantástico, que teve pré-eclâmpsia e precisou ser afastada do trabalho. O programa da TV Globo teve acesso a imagens inéditas das câmeras e segurança, que mostram o momento exato que a sequestradora entrou e o tempo que ficou na unidade hospitalar, cerca de 12 horas, circulando livremente.
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As câmeras de segurança flagraram Cauane Malaquias da Costa saindo pela porta da frente da maternidade carregando três bolsa, em uma delas estava o recém-nascido. As buscas começaram imediatamente, com uma força-tarefa entre as polícias Civil e Militar, e seis horas depois o bebê foi resgatado na manhã de quarta-feira, comunidade do Borel, na Zona Norte do Rio.
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A professora Nívea relembrou sua gestação, que não foi fácil:
— Em agosto eu descobri que estava com essa pré-eclâmpsia, em setembro minha mãe estava com uma infecção urinária intensa e descobrimos que ela tinha um tumor e ia ter que operar o intestino. O Ravi não foi planejado por mim, foi planejado pelo senhor, porque realmente eu não planejei essa gravidez. A gente descobriu, meu marido estava fraturado das vértebras, porque ele tinha sofrido um acidente em outubro do ano passado. A gestação foi muito conturbada, foi um turbilhão de coisas. Meu psicológico já não estava bem — relatou.
A mãe de Ravi contou na entrevista sobre o sonho de ter um parto natural e da confiança que tinha na maternidade.
— Meu sonho era ter um parto natural. Pesquisamos a minha doula, pesquisamos a Maria Amélia, que é uma maternidade referência no Rio de Janeiro em partos naturais.
O bebê nasceu no dia 31 de outubro, após 24 horas de trabalho de parto, e levado na madrugada do dia 1º de novembro, meia hora após Nívea e sua sogra tirarem um cochilo.
— Eu lembro que 1h45 da manhã eu levantei eu olhei pro bercinho dele e já estava vazio. Eu não fiquei nem com raiva dessa menina. Eu so queria que ela devolvesse — declarou a professora.
Sua sogra, Patrícia Cunha Figueira, falou sobre a falta de segurança na maternidade e pediu justiça.
— É direito da minha nora cochilar, ela passou mais de 24 horas em trabalho de parto, é direito meu como mulher, dentro de uma instituição que nos promete segurança, promete a saúde, promete a vida vindo ao mundo e isso ser roubado de nós. Uma mãe não deveria viver isso, nem avó, nem avô, nem pai. Foram seis horas procurando em lixeira, no canto do banheiro, imaginando o pior. Ela (Cauane) passou por vários funcionários, passou por onde fica o posto de enfermagem, e ninguém viu, ninguém desconfiou, ninguém percebeu, ninguém perguntou o que estava fazendo, onde ia. Que venha a ter justiça, que venha a ter mudança, porque o meu neto apareceu, a gente comemora, mas a gente poderia estar chorando como muitas mães estão chorando ate hoje — disse.
Imagens inéditas das câmeras de segurança
Imagens inéditas obtidas pelo Fantástico mostram que Cauane chegou por volta das 11h40 da manhã de terça e ficou do lado de fora da maternidade durante cerca de 1h30min. Os vídeos mostram que ela entra na maternidade, coloca o celular pra carregar, sai, vai no bebedouro enche a garrafinha de água. E ela fica observando a entrada, a recepção o tempo todo, a movimentação das pessoas.
Caune contou à polícia que uma conhecida estava internada na maternidade e que conseguiu entrar com a desculpa de que iria fazer uma visita. Ela ficou dentro da unidade por 12 horas.
— Em um primeiro momento, eu tenho pra mim que ela fica analisando a recepção com o intuito de entrar sem ser identificada, o que facilitaria e muito pra ela, uma vez que ela não teria deixado nenhum rastro, até mesmo pra investigação. Como ela viu a dificuldade nesse sentido, ela não viu outra alternativa a não ser fazer a identificação — disse o delegado Mário de Andrade, responsável pelas investigações.
Cauane, que já é mãe de uma menina, falou para a polícia que inventou a gravidez para manter um relacionamento e que, por isso, roubou o bebê. Ela está presa e vai responder pelo crime de subtração de menores. A pena pode chegar a seis anos.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde disse que está analisando o sistema de câmeras de monitoramento e que vai aguardar o avanço da investigação para determinar como pode evoluir no sistema de segurança.