Mais de 1700 apartamentos: saiba qual é o imóvel no Santo Cristo que pode mudar o perfil da Zona Portuária do Rio

Construtora compra empreendimento quase dez anos após seu abandono e promete retomar obras no segundo semestre de 2024

Por — Rio de Janeiro


Fim do impasse acerca do empreendimento Porto Vida Residencial, na Zona Portuária Leo Martins/Agência O Globo

Quase uma década depois de ter se transformado em um esqueleto abandonado no acesso para a Linha Vermelha, no bairro do Santo Cristo, um dos empreendimentos prometidos para dar à Zona Portuária do Rio um perfil mais residencial está prestes a ser retomado. A construtora Cury fechou um acordo com a Caixa Econômica Federal e a empresa Porto 2016 Empreendimentos Imobiliários, parceiras no projeto, e comprou o imóvel.

A empreiteira assumiu a segurança do terreno há cerca de um mês e pretende retomar o canteiro de obras no segundo semestre de 2024. O condomínio, que fica perto de uma estação do VLT e da Avenida Francisco Bicalho, terá ainda unidades comerciais. Este será o primeiro residencial naquele trecho do bairro, já que os outros que devem ser inaugurados nos próximos meses são mais próximos das ruas do Equador e Cidade de Lima.

— Estamos na fase de transferência da documentação da propriedade. E a intenção é desenvolvermos um projeto diferente, com apartamentos menores que aqueles que haviam sido projetados inicialmente. Vamos aproveitar as estruturas já existentes, mas algumas demolições serão necessárias por conta dessas adaptações. A demanda do mercado mudou nesses anos — explica o vice-presidente comercial da Cury, Leonardo Mesquita.

Unidades de 33m²

Na proposta original, seriam erguidos 1.333 apartamentos de dois e três quartos com dimensões que iriam variar entre 65 e 89 metros quadrados. No redesenho, que deve ser rebatizado de Residencial Heitor dos Prazeres, projeta-se 1.782 unidades com tamanhos entre 33 e 65 metros quadrados. Lojas ficarão nos térreos. A previsão é que todos os blocos sejam entregues em até dois anos. Quando estiver todo ocupado, o condomínio terá uma população que poderá chegar a cinco mil pessoas.

Com essa retomada, a Companhia Carioca de Parcerias e Concessões (CCPar) — órgão da prefeitura — estima que, até o fim de 2026, a Zona Portuária chegue a oito mil novas moradias entregues desde 2021, representando um acréscimo de mais de 20 mil moradores. Seis mil unidades devem ser entregues até 2025.

— Há importantes investimentos nessa área. A transformação do edifício A Noite, na Praça Mauá, em residencial e a retomada dessas obras pela Cury representarão boa parte do aumento de oferta — disse o presidente da CCPar, Gustavo Guerrante.

O arquiteto e urbanista Washington Fajardo, ex-secretário municipal de Planejamento Urbano, acrescenta:

— Esse esqueleto era um dos últimos desafios a ser superados na revitalização do Porto. O outro é a indefinição de quando as obras da nova sede do Banco Central, na Gamboa, serão retomadas.

Prefeitura vende o Edifício A Noite, na Praça Mauá — Foto: Alexandre Cassiano/Agência O Globo

Um fator que deve atrair moradores para o Heitor dos Prazeres é a relativa proximidade com a antiga estação de trens da Leopoldina. O governo federal avalia desde a semana passada uma proposta da prefeitura que quer comprar o terreno e incluí-lo em projetos do Porto Maravilha.

Chamado originalmente de Porto Vida Residencial, o condomínio foi lançado em 2013 na presença de integrantes do Comitê Olímpico Internacional (COI), dentro de uma estratégia da prefeitura de aproveitar a realização da Olimpíada de 2016 para acelerar a revitalização do Porto Maravilha. A ideia era hospedar no local os árbitros e parte dos jornalistas credenciados para os Jogos. A concepção, no entanto, não estava prevista no projeto que levou o Rio a vencer em 2009 a disputa como sede olímpica.

Na época, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e a prefeitura esbanjavam otimismo. O modelo de PPP do Porto Maravilha estava no auge, com a demolição do Elevado da Perimetral, a construção do Túnel Marcello Alencar e a inauguração dos museus de Arte do Rio (MAR) e do Amanhã. Entretanto, em 2014, o mercado imobiliário entrou em crise. Em junho daquele, o consórcio responsável — integrado pelas construtoras Odebrecht, Carioca Engenharia e OAS — interrompeu o projeto com apenas 10% das obras finalizados.

Opção para servidores

O município ainda tentou atrair compradores. Ofereceu linhas de financiamento por meio de empréstimos de seu instituto de previdência (Previ-Rio) para servidores interessados em morar ali. Cerca de 11 mil funcionários se inscreveram, mas apenas 180 assinaram uma espécie de termo de compromisso com a empreiteira.

Sem opção, a Vila dos Árbitros foi transferida para apartamentos em Jacarepaguá — que hoje são moradias populares do Minha Casa, Minha Vida —, enquanto a imprensa foi alojada em um novo condomínio residencial na Praia do Pontal, no Recreio dos Bandeirantes.

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