Maria Aparecida Lomeu, de 64 anos, tem um consultório odontológico na Rua Barão Studard, no Jardim América, Zona Norte do Rio. O local, em funcionamento há 37 anos, ficou alagado após a forte chuva do final de semana, que deixou 12 mortos no estado. As paredes e móveis brancos da sala se tornaram marrons pela lama, assim como os equipamentos e materiais da dentista, encontrados boiando e inutilizáveis no chão. Ao todo, Maria estima um prejuízo superior a R$ 40 mil.
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Moradora da Vila da Penha, também na Zona Norte, Maria conta ser essa a segunda enchente que atinge seu consultório. A primeira, menos agressiva, não danificou tanto o espaço quanto agora.
— Eu perdi tudo, todos os equipamentos, materiais, fichas de clientes, um trabalho de anos. Ainda não sei como vou trabalhar, não caiu a ficha. A primeira enchente, há 17 anos, não destruiu tanto quanto agora. Eu não esperava que isso fosse acontecer — comenta.
Do consultório, a dentista diz ter conseguido recuperar cadeiras, revestidas com plásticos, e armários planejados, feitos com material resistente. Maria chegou ao local às 9h de segunda, e levou cerca de oito horas para limpá-lo. Só com os materiais usados nos procedimentos odontológicos, ela prevê perda de R$ 20 mil.
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— Era estado de miséria, tudo boiando. A geladeira e a cadeira odontológica estavam boiando, as gavetas cheias de água. É triste, uma vida construindo o lugar, mas é isso, são coisas que acontecem. Passamos por altos e baixos, poderia ter sido muito pior. O que eu perdi, pode ser comprado novamente, mas e quem perdeu um parente ou a casa? — questiona.
Apesar dos prejuízos e do susto, Maria se diz positiva e disposta a recomeçar os atendimentos.
— Se a gente tem saúde física e mental, fica mais fácil recuperar o que se perde. Não é fácil se reestruturar, começar de novo, mas é o necessário. Eu já consigo ver isso aqui tudo limpo, as paredes pintadas, os equipamentos comprados, materiais também. E assim é a vida, a gente também vai se apoiando na ajuda dos outros e segue.