Sócio de famosa galeria de arte de NY é encontrado morto em imóvel no Jardim Botânico, no Rio

Agentes do Corpo de Bombeiros encontraram Brent Sikkema com 'perfurações de arma branca'

Por , , e — Rio de Janeiro


Sócio de famosa galeria de arte de NY, Brent Sikkema é encontrado morto no Jardim Botânico, no Rio Foto: Reprodução

Sócio proprietário de uma famosa galeria de arte em Nova York, Brent Fay Sikkema, de 75 anos, foi encontrado morto dentro de um imóvel no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio, na noite desta segunda-feira. O americano, coproprietário da Sikkema Jenkins & Co, foi assassinado dentro do imóvel na Rua José Abreu Fialho, que é de sua propriedade, na noite desta segunda-feira. O corpo tinha perfurações de arma branca (perfurocortantes, como tesouras, estiletes e chaves de fenda).

A advogada de Brent, Simone Nunes, contou à polícia que não conseguia contato telefônico com o galerista desde sábado. Os dois teriam uma reunião de trabalho na segunda-feira. Com o seu sumiço, ela estranhou e foi à casa dele. Como tinha a chave, ela abriu a porta e entrou no imóvel. No local, ela encontrou a vítima já morta.

Imóvel no Jardim Botânico onde foi morto o galerista Brent Sikkema — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

Simone então ligou para o Samu. Os socorristas constataram a morte de Brent e chamaram a Polícia Militar. O corpo do galerista estava sobre uma cama. A casa tem câmeras em seu interior.

Em nota, a Polícia Civil informou que a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o crime. A perícia foi feita no apartamento onde o corpo da vítima foi localizado. Os agentes vão ouvir testemunhas, estão em busca de mais informações e realizam diligências para esclarecer o caso.

O Consulado dos Estados Unidos no Rio afirmou que "confirma a morte de um cidadão americano. Oferecemos nossas mais sinceras condolências à família, a quem estamos prestando toda a assistência necessária. Por motivos de privacidade, não temos comentários adicionais nesse momento".

Por volta das 11h, agentes da DHC começaram buscas por imagens de câmeras de segurança na região. Os polícias procuram imagens de imóveis vizinhos aos de Brent e também de estabelecimentos que ficam de frente para a casa.

Pouco antes dos policiais chegarem ao local, a fechadura da porta da residência da vítima foi trocada por um chaveiro. As alterações na porta foram pedidas pela própria advogada e avisadas à polícia.

Junto à maçaneta há um cadeado com senha, que não parece ter sido violado no dia do crime.

Casado e com um filho

Ele era casado e tinha um filho. O viúvo não deve vir ao Brasil para os trâmites de traslado do corpo. Quem está cuidando disso é a advogada, com ajuda do Consulado americano.

Brent iria embora do Brasil nesta terça-feira. Veio ao país para passar o Natal no Rio. Segundo a advogada de Brent, ele era “uma pessoa maravilhosa. Era muito bondoso, generoso, defensor das questões sociais”. Ela conta que ele costumava falar muito sobre gentileza e bondade.

A advogada conta também que Brent gostava muito do Brasil e pretendia se mudar para cá. Ele estava no processo para um visto permanente. Simone conta que o cliente e amigo se sentia “cuidado no país”, apesar de não falar português:

— Acho que (se sentia cuidado) pelo povo. Ele era aberto a conversas, se abria muito. Brincava que tinha linguagem do coração.

Vinda ao Brasil três vezes ao ano

Brent Sikkema vinha ao Rio no máximo três vezes ao ano e ficava no imóvel. Ele devia ter a residência havia pouco mais de 10 anos. Brent morava em um sobrado na Chácara do Algodão, no Horto. Em um sistema de casas geminadas, a da vítima é a de número 13. Na região, ficam os ateliês de artistas como Beatriz Milhazes, Adriana Varejão e Gabriela Machado.

A advogada Simone Nunes cuidava do imóvel quando o galerista não estava no Brasil. Sikkema mal falava português, então não tinha muito contato com os vizinhos, que só o conheciam de vista.

Quando estava no Rio, ele costuma passar o dia fora, voltando apenas para dormir. Uma pessoa que trabalha na região explicou que a rua é muito tranquila e que todos vão para suas casas cedo.

A ex-primeira-dama dos Estados Unidos Michelle Obama e Brent Sikkema — Foto: Reprodução

Sikkema fundou a galeria em 1991, como o nome de Wooster Gardens, em homenagem à sua localização original, na Wooster Street, segundo o portal especializado Artnet. A galeria “apresenta grandes nomes como Kara Walker e Sheila Hicks, bem como fotógrafos em crescimento, incluindo Nikki S. Lee e Deana Lawson”, de acordo com a publicação.

A instituição exibe obras em várias mídias, como pintura, desenho, instalação, fotografia e escultura. Em sua programação inclui importantes artistas consagrados como Jeffrey Gibson, Arturo Herrera e Vik Muniz, além de talentos emergentes. A galeria também colabora diretamente em exposições e projetos com outros artistas.

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Brent Sikkema começou seu trabalho em galeria em 1971, como diretor de exposições no Visual Studies Workshop em Rochester, Nova York. Sikkema abriu sua primeira galeria em 1976 em Boston, Massachusetts.

O outro sócio da galeria, Michael Jenkins, trabalhou em vários projetos com a galeria desde a inauguração em 1991. Em janeiro de 1996, ingressou na galeria como diretor. Tornou-se sócio em 2003.

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