'Meu medo era de ser alvejado e morrer', diz taxista que estava no veículo em que a jornalista Nathalia Santos foi baleada

Calvin Valença, fazia sua última corrida da noite, quando foi surpreendido por três criminosos que tentaram levar o carro na Barra da Tijuca; jornalista que estava no banco do passageiro foi atingida no quadril, passou por cirurgia e está internada no CTI

Por — Rio de Janeiro


A jornalista Nathalia Santos está no CTI após ser baleada durante tentativa de assalto no Rio Reprodução

Era por volta de 4h30 da manhã de segunda-feira quando o taxista Calvin Vilaça, de 33 anos, aceitou sua última corrida do dia. Sem saber o que estava por vir, o motorista iniciou o taximetro no Monte Líbano, na Lagoa, Zona Sul do Rio, com destino ao bairro do Pechincha, na Zona Oeste, levando no banco dos passageiros: a jornalista Nathalia Santos e o marido que voltavam da noite de desfiles no Sambódromo da Marquês de Sapuca. Ao chegar próximo a uma loja de material de construção, já na Avenida Ayrton Senna, na Barra, ele e o casal foram surpreendidos por três homens armados que pularam um muro e saltaram em frente ao carro, que andava a quase cem por hora, dando voz de assalto, em seguida, fazendo disparos em direção ao carro:

— Tentei frear, mas eles pularam para o lado do carro e deram um tiro. Quando fizeram isso, acelerei e depois deram mais quatro tiros. Apenas um tiro pegou no carro. Naquele momento, fiquei muito nervoso. Meu medo era de ser alvejado e morrer — contou o motorista sobre o episódio de violência.

Segundo Calvin, toda a ação durou menos de dois minutos. Um dos tiros, que tingiu a porta traseira do lado do motorista, acertou a jornalista Nathalia Santos no quadril. O crime aconteceu na Avenida Ayrton Senna, sentido Linha Amarela, na altura do Uptown Barra e foi registrado na 32ª DP (Taquara). 

Taxi que estava jornalista Nathalia Santos foi alvejado por criminosos na Barra da Tijuca — Foto: Reprodução

— Pelo barulho, imaginei que o tiro tinha atingido o carro, foi aí que fiquei nervoso. Mais um pouco à frente, ela (Nathalia) disse que tinha sido atingida. O tiro parecia ser de pistola. O marido dela pediu para ir para o hospital. Ele foi me guiando porque eu estava muito nervoso para racionar naquele momento.

Segundo a Polícia Militar, na ocasião, agentes do 18° BPM (Jacarepaguá) foram acionados para uma ocorrência de tentativa de roubo a veículo na Avenida Ayrton Senna, em Jacarepaguá. A jornalista estava na companhia do marido em um táxi quando foi alvejado por um tiro. Um deles atingiu Nathalia. Ela foi socorrida e levada ao hospital, onde passou por uma cirurgia. Em entrevista ao Encontro, nesta quinta-feira, ainda internada, a jornalista disse que está “muito grata em estar viva porque foi um susto”, já que os bandidos não anunciaram o assalto. 

— Foi um grande susto. Apesar de tudo que passamos, fico feliz de que ninguém tenha morrido. No final, todos saíram com vida — comemorou o taxista.

A jornalista Nathalia Santos está no CTI — Foto: TV Globo/Reprodução

Calvin, que trabalha como taxista há 13 anos, confessou viver o trauma, já que não se sente bem para voltar à rotina de trabalho no turno da noite. Ele começou a trabalhar de madrugada durante o carnaval deste ano.

— Na hora, eu tive muito medo. Pensei na minha mãe e nos meus pais. O meu medo era de ser alvejado e acontecer o pior. Ou perder a direção do carro, ou bater. Na verdade, era medo de morrer. Até hoje estou meio receoso de trabalhar. Mas fica um agradecimento por não sofrer nada. Infelizmente aconteceu com a Nathalia, mas ela está bem. Quando não acontece perto da gente, não acreditamos. Sempre tive esse receio. Eu vou muito ao Pechincha, não era um bairro que estava acostumado a ir. Todo lugar que a gente não conhece dá medo. Nos primeiros dias, foi pior. Não tem jeito, a gente tem que viver. Todos nós estamos sujeitos a isso. Parecia que eles estavam fugindo de alguma coisa. Era um desespero para pegar o carro. Mas ainda bem que o pior não aconteceu.

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