'Que mundo covarde em que nós vivemos', diz viúva de DJ morto em Bangu; enterros serão nesta terça-feira

Sobrevivente do ataque a tiros, o cantor de pagode Caick Oliveira permanece internado, com quadro de saúde estável

Por — Rio de Janeiro


Alex Matos Adriano, o DJ Lekin, morto em ataque de criminosos na comunidade do Catiri Reprodução

Com a morte os DJs Alex Matos Adriano (conhecido como Lekin) e Lorran Oliveira dos Santos (LP), vítimas de um ataque a tiros num sítio na comunidade do Catiri, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, o dia seguinte é de consternação. Parentes dos dois usaram as redes sociais para desabafar e se despedir dos músicos, que serão enterrados na tarde desta terça-feira.

A técnica de enfermagem Camilli Silva, noiva de Alex Adriano, definido como seu primeiro amor, publicou uma carta aberta, em que demonstrou revolta com a violência da qual o companheiro foi vítima. "Que mundo covarde em que nós vivemos", definiu ela, que completou: "Logo você, amor, que só fazia o bem e corria atrás do seu."

Camilli diz na postagem que sua "ficha ainda não caiu" e lembra um diálogo com o DJ na véspera de sua morte. "Você, ontem (domingo), amor, falou que me amava, falou que nunca ia me deixar".

O sepultamento de Alex será às 16h, no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio, com velório a partir das 14h.

Técnica de enfermagem Camilli Silva se despede do noivo, o DJ Alex Matos Adriano, morto no Catiri — Foto: Reprodução

Mãe do outro DJ: 'Jesus odeia mãos que derramam sangue inocente'

Outra vítima do ataque foi o DJ Lorran Oliveira, conhecido como LP. Aos prantos, a sua mãe, Vânia Oliveira, definiu o filho como "uma fortaleza, uma pessoa linda" e afirmou se orgulhar da criação dele.

Segundo ela, o filho tinha "um coração bom" e a família se preocupava até em alertá-lo. "Lorran, o mundo não é assim, as pessoas podem se aproveitar de você", lembra a mãe.

— Agora a gente está recebendo mensagens de pessoas que nunca vi na vida, de como ele era. E as pessoas só viam a qualidade dele. Só tenho que falar que ele venceu na vida. Deus quis levá-lo, dessa forma cruel como está sendo o nosso mundo, mas ele foi levado por Deus — desabafou Vânia.

Lorran Oliveira dos Santos, o LP, DJ morto em ataque de bandidos na comunidade do Catiri — Foto: Reprodução

Já pelas redes sociais, ela também fez um comentário com base na Bíblia ao se referir ao crime: "Jesus odeia mãos que derramam sangue inocente", afirmou ela em publicação nesta terça-feira. O sepultamento do DJ Lorran será nesta tarde no cemitério Jardim da Saudade de Paciência, na Zona Oeste. O velório vai acontecer entre 11h30 e 14h30.

Sobrevivente segue internado

Sobrevivente do ataque, o cantor de pagode Jefferson Caick Gonçalves de Oliveira, atingido por tiros na costela e na coxa, segue internado no Hospital municipal Albert Schweitzer, em Realengo. De acordo com a direção da unidade, seu estado de saúde permanece estável. Outra pessoa atingida pelos disparos foi Jéssica Monteiro Silva, que recebeu alta hospitalar ainda na segunda-feira.

Cantor Caick Oliveira, baleado em sítio no Catiri, está internado no Hospital Albert Schweitzer — Foto: Reprodução

Os músicos se apresentariam em um sítio, na comunidade do Catiri, em Bangu, na Zona Oeste, onde, aos domingos, é realizada uma festa. Caick já tinha terminado de cantar e reunia seus equipamentos, enquanto os DJs viriam na sequência. Foi quando um bando armado da facção Comando Vermelho invadiu o terreno e abriu fogo, já na madrugada de segunda-feira.

Os criminosos estariam em busca de algum integrante da milícia, grupo dominante no Catiri. Aquela madrugada foi marcada por tiroteios, que também se estenderam à Vila Aliança, na mesma região, dominada pela facção rival Terceiro Comando Puro.

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