No Estado do Rio, 86 pessoas foram picadas por escorpião nos primeiros dois meses do ano

Entre os registros, foram 61 casos leves, que não demandam uso de soro escorpiônico para tratamento, e 25 graves

Por O Globo — Rio de Janeiro


Conheça o escorpião mais perigoso do Brasil que infesta Búzios Butantan

Até a última terça-feira, 86 pessoas foram picadas por escorpião no estado. O dado foi divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde, após o Instituto Vital Brazil informar a coleta de 200 animais na cidade de Búzios, na Região dos Lagos, este ano. Também houve relatos de aparecimento de escorpião-amarelo em Porto Real, no Sul Fluminense, segundo o Instituto. Dos 86 acidentes registrados, 61 casos (70,9%) foram leves — que não demandam uso de soro escorpiônico para tratamento —, e 25 graves. O Governo do Estado não informou onde aconteceram os episódios, mas disse que tem doses para atender a demanda.

Em 2022, 680 pessoas foram picadas por escorpião-amarelo e uma morreu no estado do Rio de Janeiro, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. Em uma média estimada, a quantidade equivale a 57 casos por mês. Em 2024, a média seria, até esta terça-feira, de 44 casos de picada pelo animal.

Escorpião da espécie Tityus serrulatus, também conhecido como escorpião amarelo — Foto: Divulgação/ Instituto Vital Brazil

Na última segunda-feira, a prefeitura de Búzios informou que identificou um terreno no Centro da cidade como um dos focos da infestação atual de escorpiões-amarelos. O município está sendo monitorado pelo Instituto Vital Brazil. Uma reunião do Instituto com a Vigilância municipal, nesta quinta-feira, irá reavaliar a situação.

— Esta pode ser considerada uma infestação expressiva, mas a situação é muito localizada, em um único terreno no Centro e algumas ocorrências esporádicas em outros locais. A partir da identificação, fizemos uma articulação com o Instituto Vital Brazil para o controle. Estamos em tratativas para que Búzios tenha o soro escorpiônico na rede municipal — afirma Denis Ferraz, coordenador da Vigilância Ambiental de Búzios.

O terreno em questão, segundo Denis, é propício ao aparecimento dos escorpiões:

— É uma área de mata que tinha muito entulho, material residual de obra, misturada com vegetação. Com o calor e as chuvas, e o fato de eles serem de fácil procriação, sem a necessidade de machos para reproduzir, acaba facilitando o aumento de ocorrências — explica o coordenador de vigilância.

A primeira constatação da presença de escorpiões-amarelos em Búzios aconteceu em 2002, durante as construções de condomínios residenciais em uma área de mata, no entorno do Centro e dos bairros de Ferradura e Ferradurinha. Desde então, a Vigilância Ambiental do município começou a monitorar o aparecimento da espécie.

No início de janeiro, o Instituto Vital Brazil esteve em Búzios para uma visita técnica. O relatório da visita ainda está sendo elaborado. O monitoramento da espécie é feito por meio da ação local de agentes de controle de endemia, denúncias ou quando há casos de picada. Nesta semana, eles receberam dois chamados de moradores que viram escorpiões. O primeiro foi de um encontrado em uma roupa pendurada no varal, e o segundo encontrado em uma boia de nadar, numa praia.

A orientação caso encontre um escorpião é acionar a Vigilância Ambiental de Búzios pelos números (22) 2350-6010, ramal 6252. E, em caso de picada, procurar o hospital mais próximo.

Soro antiescorpiônico

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que o estado do Rio tem ampolas suficientes de soro antiescorpiônico para atender os acidentes com picadas do animal e lembrou que os casos leves não requerem tratamento soroterápico. O Ministério da Saúde é o responsável pelo envio do soro à secretaria, que distribui aos polos de atendimento após uma análise da necessidade de cada região, considerando a ocorrência de acidentes ao longo dos anos.

O comunicado diz também que a Secretaria faz o monitoramento em tempo real através da Coordenação de Informação Estratégica em Vigilância em Saúde (Cievs) durante 24 horas para dar informações sobre acidentes em determinadas regiões e a partir daí fazer o direcionamento das doses de soro para uma área específica.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) e o Instituto Vital Brazil (IVB) informaram que a presença de escorpiões tem aumentado nos últimos anos em áreas do estado do Rio onde antes eram menos frequentes. O informe diz que "as razões para isso ainda estão sendo estudadas, mas as mudanças climáticas podem ser apontadas como um dos fatores", e que, além disso, alguns fatores foram destacados, como "a disponibilidade de acesso para adentrarem ao ambiente; abrigo que permita que fiquem protegidos de predadores e de macromudanças ambientais; alimento abundante e água da mesma forma."

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A Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde estadual recomenda que pessoas que não têm treinamento, não devem tocar em escorpiões, e destacou cuidados para as áreas interna e externa dos ambientes:

  • Evitar o acúmulo de lixo.
  • Manter as lixeiras fechadas.
  • Manter jardins e quintais limpos.
  • Tomar cuidado ao manipular objetos onde os escorpiões possam se esconder.

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