Caso Anic: Justiça nega pedido de liberdade para filhos que teriam ajudado o pai em desaparecimento de advogada

Os irmãos Henrique Vieira Fadiga e Maria Luíza Vieira Fadiga são apontados em investigação da 105ª(Petrópolis) como suspeitos de participação no sumiço da vítima

Por — Rio de Janeiro


Lourival Correa Netto Fadiga no momento da prisão, e Anic de Almeida Peixoto Herdy na saída do shopping em Petrópolis Reprodução

O desembargador Sidney Rosa, da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, negou no último dia 17, pedido de liminar para expedição de habeas corpus e liberdade provisória para os irmãos Henrique Vieira Fadiga e Maria Luíza Vieira Fadiga.  Os dois estão presos e foram apontados nas investigações da 105ªDP (Petrópolis) como suspeitos de terem ajudado, de alguma maneira, a Lourival Corrêa Netto Fadiga, pai de ambos, na execução do desaparecimento da advogada e estudante de Psicologia Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos. A vítima foi vista pela última vez no dia 29 de fevereiro após sair a pé de um shopping, em Petrópolis, na Região Serrana. 

Segundo a investigação da 105ªDP, Henrique teria participado da compra de US$ 150 mil dólares, feita por Lourival, com um doleiro, no início de março. O filho do principal suspeito do sumiço da advogada teria combinando a entrega do dinheiro e recebido pessoalmente parte das cédulas, de acordo com o relatório de investigação da delegacia.

Anic Herdy e Lourival Fadiga — Foto: Reprodução

O valor teria sido comprado por Lourival com parte da quantia de R$ 4,6 milhões exigidos para libertar Anic.    Já Maria Luíza é apontada pela Polícia Civil e pela Promotoria de Investigação Penal de Petrópolis como sendo a pessoa que mantinha contato com o fornecedor de 950 celulares, adquiridos pelo pai em um comércio, no Paraguai, por US$ 153,9 mil. A quantia foi quitada por meio de três depósitos, no valor de R$ 325 mil cada, feitos por Benjamim Cordeiro Herdy, de 78, marido de Anic, em uma conta indicada por Lourival.

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Os telefones celulares serviriam para abastecer uma loja de Lourival, localizada em Teresópolis, que era administrada pela filha. A polícia chegou a cumprir um mandado de busca e apreensão no local, mas os telefones não foram encontrados. Segundo o relatório de investigação, os celulares foram entregues a um "fretero" (como são chamados no Paraguai atravessadores indicados por compradores para levar mercadoria para o lado brasileiro da fronteira), por volta das 15h do dia 2 de abril último. O encarregado de levar os telefones, segundo o depoimento de uma testemunha, foi contratado pelo próprio Lourival. O que aconteceu com os telefones a partir daí ainda é mistério e alvo de investigação, já que a polícia ainda tenta localizar e apreender os telefones.

Equipe da 105ª DP (Petrópolis) realizou diligências no sítio em Guapimirim, em busca da advogada Anic de Almeida Peixoto Herdy — Foto: Reprodução

Procurado, o advogado Vinicius Santos, que defende os irmãos Henrique e Maria Luísa explicou que a liminar foi negada porque o pedido perdeu o objeto. Ou seja, quando a solicitação de habeas corpus foi apresentada, seus clientes estavam com prisões temporárias decretadas. Ocorre que a Justiça decretou as preventivas, o que mudou a finalidade da solicitação. O advogado disse que as acusações contra os irmãos são inverídicas. Ele informou ainda que deverá entrar com novo pedido de liberdade a partir da próxima semana.

Além de Lourival e os dois filhos também está presa Rebeca Azevedo dos Santos, ex-namorada de Lourival. Ela teria trocado telefonemas com o suspeito no dia do desaparecimento da estudante. Segundo a polícia, Rebeca também teria viajado para Foz de Iguaçu para encontrar a pessoa que vendeu 950 celulares para o ex-namorado. Procurada, a advogada Karina Dourado, que defende Rebeca, disse as acusações feitas pela polícia não conferem com a realidade. E que isso será demonstrado pela defesa.

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Anic desapareceu no dia 29 de fevereiro após sair a pé de um shopping, no Centro de Petrópolis. Casada com Benjamim Cordeiro Herdy, há 20 anos, ela teria entrado num carro dirigido por Lourival, segundo investigação da 105ªDP. Benjamim é um dos filhos de um fundador de um complexo educacional que deu origem a uma universidade particular, vendida para em 2021, para outro grupo educador. Mais de sete horas após a advogada desaparecer, Benjamim recebeu mensagens de texto, em seu telefone, escritas por uma pessoa que alegava estar com a advogada em seu poder. O comunicando, entre outras coisas, exigia R$ 4,6 milhões.

A advogada e estudante de Psicologia Anic de Almeida Peixoto Herdy — Foto: Reprodução

Após contatos sucessivos, durante os dias que se seguiram,  R$ 3 milhões foram depositados em 40 contas de doleiros indicadas por Lourival. No dia 11 de março, uma mochila com o restante do dinheiro foi levado pelo marido de Anic e Lourival para serem entregues em um shopping, na Zona Oeste. No meio do caminho, o suspeito alegou ter recebido uma nova mensagem, determinando que ele levasse a quantia exigida até uma cesta de lixo, na comunidade do Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes. Já Benjamim deveria aguardar pela mulher no shopping.

A polícia descobriu que Lourival, na realidade, foi para uma concessionária de veículos, na Barra da Tijuca, onde comprou uma picape por R$ 500 mil, pagando em espécie pelo carro. Como a vítima não apareceu, a família de Anic registrou o caso, na 105ªDP, no dia 14 de março. Seis dias depois, no dia 20, Lourival foi preso em Teresópolis, na Região Serrana. 

O suspeito conhecia a advogada e marido dela há três anos e era responsável pela segurança pessoal do núcleo familiar da vítima. Procurada, a defesa de Lourival disse que ele nega todas as acusações. Uma das linhas de investigação seguidas pela polícia é a de que Anic tenha sido assassinada. No último dia 22, policiais realizaram uma busca em um sítio, com auxílio de cães farejadores, em Guapimirim. No entanto, nada foi encontrado.

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