Secretaria Nacional de Trânsito diz que motofaixa da Lagoa-Barra não foi autorizada nem obedece legislação vigente

CET-Rio argumenta que enviou solicitação ao órgão de implantação em caráter experimental

Por — Rio de Janeiro


Por ser uma sinalização experimental, motofaixa precisava ser autorizada pela Senatran Márcia Foletto

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 23/08/2024 - 04:31

Irregularidades na Motofaixa Lagoa-Barra podem suspender projeto

A implementação da motofaixa na Lagoa-Barra não foi autorizada pela Secretaria Nacional de Trânsito, violando regulamentações. CET-Rio enviou solicitação, mas sem autorização oficial. Irregularidade pode levar à suspensão do projeto. Vereador destaca necessidade de adequação legal para evitar contestações judiciais.

A motofaixa de dois quilômetros na Lagoa-Barra começou a valer no primeiro minuto da última segunda-feira (19). Entretanto, uma irregularidade na implementação da medida pode fazer com que o plano das "faixas azuis" seja suspenso, pelo menos por enquanto. Um ofício encaminhado pela Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro à Prefeitura na última terça-feira (20) aponta que a prefeitura pode ter pulado uma etapa importante para a aprovação da instalação da faixa.

Segundo o artigo 80 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é permitido, em caráter excepcional e por período predeterminado, o uso de sinalização de trânsito que não esteja prevista na Lei ou nos regulamentos do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Para regulamentar essa medida, a Resolução n.º 973 do Contran estabelece que o órgão de trânsito interessado deve encaminhar uma solicitação à Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran).

Após a análise do pedido, o órgão deve autorizar o uso da sinalização por meio da publicação de uma portaria específica, que deve indicar o local onde a sinalização será utilizada e o prazo determinado para o seu funcionamento. Durante o período experimental, o órgão de trânsito local deve fornecer relatórios técnicos periódicos com a avaliação do desempenho dessa sinalização. Ainda segundo o regulamento do Contran, "não é permitida a implantação de sinalização de trânsito experimental antes da autorização de uso expedida pela Senatran".

Conforme o ofício enviado pela Câmara, a autorização, publicada em portaria pela Senatran, encontra-se pendente e, segundo o documento, "pode resultar em medidas contra o uso irregular de sinalização de trânsito não padronizada ou autorizada, prejudicando a iniciativa".

Em nota enviada ao O GLOBO após o primeiro contato, a Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro (CET-Rio) informou que "foi encaminhado um documento à Senatran com as justificativas técnicas para a implantação da motofaixa". No entanto, como já mencionado, a instalação de faixas experimentais só estará autorizada a partir da publicação de portaria específica para esse fim por parte da Senatran.

A motofaixa foi instalada antes da publicação da portaria da Senatran aprovando o projeto. — Foto: Infoglobo/Márcia Foletto

Procurada, a Senatran confirmou, em nota, que a CET-RIO enviou, no dia 16 de julho, um ofício "solicitando a autorização para implementar, em caráter experimental, sinalização voltada para a circulação de motocicletas na Autoestrada Engenheiro Fernando Mac Dowell". Entretanto, ainda que a solicitação tenha sido enviada, a secretaria esclareceu que a faixa instalada no Rio de Janeiro "não se encontra autorizada e está em desconformidade com a regulação vigente".

A secretaria também afirmou que deve "formalizar ao órgão de trânsito com circunscrição sobre a via (CET-RIO) a solicitação de esclarecimentos sobre a implantação não autorizada da sinalização experimental e determinar sua retirada ou adequação". Além disso, pode levar o tema ao Conselho Estadual de Trânsito e aos órgãos competentes.

Autor do ofício que apontou a irregularidade na implementação da motofaixa, o vereador Pedro Duarte (NOVO) ressalta que o objetivo não é suspender o projeto, mas adequá-lo a todos os processos legais.

— Somos totalmente a favor das motofaixas — diz Pedro. — O perigo é a legalidade dessas faixas ser contestada judicialmente. Isso impactaria negativamente na credibilidade do modelo.

O GLOBO entrou novamente em contato com a CET-Rio mas, procurada várias vezes ao longo do dia, não respondeu.

*Estagiário sob a supervisão de Sanny Bertoldo.

Mais recente Próxima Governo fluminense proíbe fundo de aposentadorias e pensões de mexer em quase R$ 8 bilhões de 28 contas bancárias