Após uma pausa em 2020 por conta da pandemia, o prestigiado Guia Michelin, bíblia da gastronomia mundial, volta a avaliar e distribuir suas cobiçadas estrelas a restaurantes do Rio de Janeiro e de São Paulo. O lançamento da 7ª edição nacional do guia francês, desta vez apenas em formato digital, acontece nesta segunda-feira (20) no Golden Room do Copacabana Palace, no Rio. Na cerimônia para 400 convidados, será anunciada a seleção de restaurantes recomendados pelos inspetores e também quem ganhou, perdeu ou manteve sua estrela. O evento será transmitido ao vivo, mundialmente, pelo pelo canal de YouTube do Guia Michelin, a partir das 19h.
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Com o poder de alavancar a reputação de um restaurante e, consequentemente, o movimento, as estrelas Michelin são distribuídas com parcimônia — na última edição, dos 145 restaurantes avaliados, somente dez mereceram uma estrela (sete em São Paulo, três no Rio), apenas quatro ostentavam duas (um deles, o paulistano Ryo, fechou) e nenhum ganhou a cotação máxima, três. Veja as casas estreladas no Brasil na última edição:
- Duas estrelas: D.O.M. (SP), Oteque (RJ) e ORO (RJ)
- Uma estrela: Kinoshita (SP), Evvai (SP), Maní (SP), Jun Sakamoto (SP), Huto (SP), Kan Suke (SP), Picchi (SP), Mee (RJ), Cipriani (RJ), Lasai (RJ)
Guia Michelin: conheça casas consagradas com as cobiçadas estrelas no Rio e em SP
O retorno do Michelin, junto com o Latin America’s 50 Best — ranking da publicação britânica Restaurant, cuja premiação foi realizada ano passado no Rio, que também sediará a edição de 2024 —, consolida o país como destino gastronômico internacional. Pela primeira vez, as inspeções têm apoio das prefeituras do Rio e de São Paulo, por meio de suas Secretarias de Turismo, que se comprometeram a injetar R$ 9 milhões para a presença do Michelin nas cidades até 2026 (cada pasta destinará R$ 1,5 milhão por ano).
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Selo de garantia
Mas engana-se quem pensa que apenas casas requintadas passam pelo crivo da turma do Michelin. Estabelecimentos agradáveis, que fornecem uma experiência gastronômica autêntica a preços moderados, estão cada vez mais na mira da equipe e podem ser contemplados com o selo Bib Gourmand. Em vigor desde 1997, a categoria é a preferida de muitos clientes em busca de bom custo-benefício. No Brasil, o selo foi concedido a 34 restaurantes: 28 em São Paulo e seis no Rio. Confira:
- Casa Santo Antônio (SP)
- Nit (SP)
- Brasserie Victoria (SP)
- TonTon (SP)
- Manioca (SP)
- Charco (SP)
- Le Bife (SP)
- Miam Miam (RJ)
- Cepa (SP)
- Mocotó (SP)
- Più Pinheiros (SP)
- Corrutela (SP)
- Maria e o Boi (RJ)
- Ama.zo - Cozinha Peruana (SP)
- Balaio IMS (SP)
- Tordesilhas (SP)
- The Kith (SP)
- Zena Cucina (SP)
- Picci Trattoria (RJ)
- Banxeiro (SP)
- Tanít (SP)
- Petí Gastronomia (SP)
- Fitó (SP)
- Komah (SP)
- Lilia (RJ)
- Arturito (SP)
- A Baianeira (SP)
- Didier (RJ)
- Artigiano (RJ)
- Barú Marisquería (SP)
- Ecully Gastronomia (SP)
- A Casa do Porco (SP)
- Bistrot de Paris (SP)
- AE! Café & Cozinha (SP)
Metodologia universal
Criado pelos irmãos André e Édouard Michelin em 1900 para incentivar viagens de carro, o guia trazia desde dicas de como trocar pneu a mapas e listas de restaurante e hotéis. As estrelas começaram a ser distribuídas em 1926, e o ranking de uma a três entrou em vigor cinco anos depois. Desde então, a metodologia de avaliações é seguida à risca, e a aura de mistério que envolve as visitas se mantém. É um dos segredos mais bem guardados da gastronomia.
Diferentemente de outras premiações, como o 50 Best, que reúne um time de mais de mil jurados (entre jornalistas e críticos, chefs, donos de restaurantes e influenciadores), o Michelin preza pela discrição total e tem inspetores próprios. São funcionários especializados, com um olhar mais técnico, que viajam anonimamente — atualmente, o guia avalia mais de 30 mil estabelecimentos em 40 países — e comem em média em 250 restaurantes por ano. A identidade dos inspetores é mantida sob sigilo absoluto: a empresa só conta que o time representa 15 nacionalidades e 25 idiomas.
Ao contrário do que muita gente pensa, ambiente ou qualidade do serviço não são levados em conta ao atribuir estrelas. O que entra em jogo são a qualidade e origem dos ingredientes, o domínio das técnicas, a harmonia dos sabores, a personalidade do chef na cozinha e a consistência entre as visitas. De acordo com a instituição, os inspetores se revezam para voltar aos restaurantes em épocas distintas. Eles não tomam notas no lugar, mas depois escrevem um relatório detalhado, e as decisões são tomadas em conjunto. Os mesmos critérios são seguidos em todo o mundo.
— É isso que garante que uma estrela em Tóquio mostre a mesma promessa de qualidade que uma estrela em Nova York ou no Rio — afirma Gwendal Poullennec, diretor Internacional da publicação.