'Clube da Esquina' ganha versões de Amaro Freitas e Zé Manoel em show elogiado por Ronaldo Bastos

Projeto dos músicos pernambucanos que reúne clássicos do antológico disco de 1972 chega ao Rio de Janeiro para três apresentações

Por — Rio de Janeiro


Amaro Freitas (piano) e Zé Manoel (voz) dão novas versões aos clássicos do 'Clube da esquina' (1972) Divulgação/Paula Maestrali

Lançado em 1972, o antológico “Clube da Esquina” — eleito por especialistas o melhor álbum brasileiro de todos os tempos —, segue sendo celebrado. Como nessa parceria entre os pianistas pernambucanos Amaro Freitas e Zé Manoel, que, depois de passar por São Paulo, Fortaleza e Recife, chegam amanhã ao Rio para três apresentações no Teatro Nelson Rodrigues, no Centro.

— Tivemos shows arrebatadores. A troca com o público tem se tornado cada vez mais potente e íntima a cada apresentação — afirma Amaro. — Esse é o maior tesouro: perceber a força do “Clube” pela nossa perspectiva.

Das 21 músicas do disco, 12 estão no show (“Precisaríamos de mais de três horas para apresentá-lo na íntegra”, brinca Amaro). Entre elas, “Tudo que você podia ser”, “Cais” e “Nada será como antes” — todas com arranjos pensados por Amaro para a voz de Zé, que embarcou no desafio de deixar o piano para se dedicar apenas ao canto.

— Estar no palco como intérprete é um momento de vulnerabilidade para mim. Sem falar na responsabilidade de cantar esse repertório que é difícil e tem as suas versões definitivas no próprio disco — comenta Zé, que vai para o piano somente em um momento, para tocar “San Vicente” e “Clube da esquina nº 2”.

O músico, que diz estar amadurecendo profissionalmente com esse projeto, lembra da ida de Ronaldo Bastos, compositor de algumas das canções do álbum, como “O trem azul” e “Cravo e canela”, ao show:

— Eu disse que errei algumas coisas e brinquei que fui cara de pau em cantar com o compositor ali. Ele foi carinhoso e disse que achou muito lindo.

Sobre a eterna atualidade do repertório (re)interpretado pela dupla, Amaro analisa o que ele considera ser uma das possíveis explicações, para além da qualidade artística e do valor histórico: as mudanças no modo como se consome música, de 1972 para cá, no país.

— Hoje, a música no Brasil acontece e esvazia muito rápido, até quando grandes medalhões lançam novos discos. As atitudes estão mais aceleradas e isso também acontece com a música — comenta o pianista. — Talvez as pessoas não saibam cantar o último disco do Caetano [Veloso], por exemplo, e isso fala muito do nosso recorte temporal. Nós, artistas, precisamos produzir a toda hora. Antigamente [na época do "Clube da esquina"] não era assim. Isso é uma coisa importante de se observar.

Para o músico, a importância de seguir fazendo esse show está justamente na resposta que eles têm recebido do público, que, segundo ele, "tem sede" de se conectar com aquelas músicas.

Programe-se

Onde: Teatro Nelson Rodrigues, Caixa Cultural. Av. República do Paraguai 230, Centro. Quando: Sex e sáb, às 19h. Dom, às 18h. Quanto: De R$ 20 (balcão) a R$ 30 (plateia).

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