Parkinson: por que a solidão aumenta o risco da doença?

Estudo mostra que a falta de conexões sociais significativas ou de um sentimento de pertencimento pode aumentar em 37% a probabilidade da doença

Por O GLOBO — São Paulo


Solidão aumenta o risco de Parkinson Freepik

A falta de conexões sociais está associada a diversos problemas de saúde, incluindo um estilo de vida pouco saudável, aumento do risco de demência e depressão. Agora, um novo estudo revela também que a solidão pode aumentar a probabilidade uma pessoa desenvolver Parkinson.

A solidão, a falta de relações sociais significativas ou de um sentimento de pertencimento, pode aumentar o risco de Parkinson em 37%, de acordo com um trabalho publicado recentemente na revista científica Jama Network. No entanto, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual da Flórida, em Tallahassee, ressaltam que isso não significa que a solidão cause o Parkinson.

“Mostramos que existe uma associação entre a solidão e o desenvolvimento da doença de Parkinson, e não que a solidão cause a doença de Parkinson”, disse a pesquisadora sênior Angelina Sutin, em comunicado.A equipe chegou a essa conclusão após analisar dados de 491.603 adultos do UK Biobank, um grande registro de saúde de residentes do Reino Unido. Os participantes, que tinham entre 38 e 73 anos, não tinham Parkinson no início do estudo.

Eles foram avaliados inicialmente de 2006 a 2010 e posteriormente acompanhados até 2021. Quando os participantes foram solicitados a responder “Você se sente solitário com frequência?”, 18,51% responderam positivamente.

Após um acompanhamento médio de 15,58 anos, houve 2.822 casos de diagnóstico de Parkinson. Destes, 549 relataram sentir-se solitários. Os resultados mostraram que os indivíduos que relataram solidão tinham 1,37 vezes mais probabilidade de desenvolver a doença.

Depois de ajustar todas as variáveis que poderiam afetar essa probabilidade, a associação entre a solidão e o aumento do risco de Parkinson ainda foi observada, revelando um risco 25% da doença maior entre as pessoas que relataram sentimentos de solidão.

As hipóteses para essa associação incluem o estresse fisiológico no cérebro gerado pela solidão, principalmente em pessoas que apresentam outras vulnerabilidades. Outra possibilidade é que pessoas que vivenciam a solidão tenham tendência a se envolver em comportamentos prejudiciais à saúde, como o sedentarismo.

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