Dia do sexo: psiquiatra afirma que abstinência pode provocar sintomas de sofrimento físico e psicológico; entenda

Segundo a especialista, pode começar com uma crise de ansiedade que evolui para uma depressão do sistema imunológico atacando o sistema nervoso central

Por — São Paulo


É comprovado que o sexo ajuda a reduzir o risco de ataques cardíacos, derrames cerebrais e outras doenças cardiovasculares Freepik

O dia do sexo é celebrado nesta quarta-feira. Especialistas afirmam que você deve ter intimidade com seu parceiro de duas a três vezes por semana, porque isso proporciona “benefícios para a saúde mental e física”, além de uma “regulação hormonal”.

É comprovado que o sexo faz bem para à saúde, com a liberação de hormônios e substâncias que trazem sensações de felicidade e prazer. Ele oxigena os tecidos e a pele, torna o indivíduo mais alerta, além de reduzir o risco de ataques cardíacos, derrames cerebrais e outras doenças cardiovasculares.

Um estudo publicado na revista acadêmica Archives of Sexual Behavior revelou que os casais fazem sexo 51 vezes por ano — cerca de uma vez por semana. A terapeuta de casais e sexóloga Isiah McKimmie disse ao site House of Wellness que o número varia e é baseado na vida e nas circunstâncias das pessoas envolvidas.

"Não há uma quantidade definida de sexo que faça um relacionamento ser ótimo, e é normal que dois parceiros tenham ideias diferentes de quanto sexo eles querem, mas o importante é que os casais trabalhem juntos para encontrar prazer sexual que funcione para ambos", disse McKimmie ao portal.

Mas e quando é ao contrário, e o casal fica um período sem ter relações sexuais, podendo ser semanas, meses ou até mesmo anos, faz mal à saúde? A ciência diz que sim.

Ainda mais se o praticante for uma pessoa saudável, que gosta e sente vontade de fazer o ato. Segundo a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do programa de estudos em sexualidade da USP, o que realmente importa para a medicina é o sofrimento que o paciente experimentar sem praticar o ato sexual, que se desdobra em angústia, mal-estar e desconforto.

— É uma questão pessoal e de livre-arbítrio. Aqueles que não querem fazer sexo por um determinado período, se não estiverem em sofrimento, não precisam se preocupar. O problema é quando se quer fazer, porém, por inúmeros motivos, como falta de oportunidade, de um local adequado ou de um parceiro, não faz e sente a necessidade daquilo. Isso causa um sentimento de vazio, um desejo descontrolado, levando a desfechos negativos — explica.

Esses desfechos negativos, citados pela psiquiatra como “sofrimento”, podem trazer riscos físicos e psicológicos graves. Começando por uma crise de ansiedade criada pelo desejo insatisfeito, que evolui para uma depressão do sistema imunológico e posteriormente do sistema nervoso central. O paciente se sente mais vulnerável, sua autoestima cai, seu corpo sofre alterações e fica fisicamente mais fraco, o que estimula o aparecimento de doenças bacterianas, viroses e até mesmo infecções generalizadas.

— São várias as indagações que se passam na cabeça dessa pessoa, que acaba tendo seu quadro de saúde agravado e contribuindo para um maior período sem relações sexuais. Ela começa a se perguntar se é bonita o suficiente ou o porquê de ninguém se interessar por ela a ponto de não querer ir para a cama. Há outros desdobramentos também, como rejeitar contatos sexuais, por não ter tido êxito nas atividades anteriores e querer evitar novos vexames. É uma bola de neve, que vai ficando cada vez maior até explodir em ansiedade, depressão, vulnerabilidade imunológica e doenças físicas — explica Abdo.

Segundo a médica, o sexo para ser completo precisa ser satisfatório para ambas as partes. É essa experiência plena que libera um maior fluxo de dopamina, endorfina e oxitocina, hormônios que fazem bem à saúde do corpo e da mente e ajudam na vontade de repetir o ato em outras ocasiões.

Porém, qual seria o tempo máximo de intervalo até essa falta prejudicar a saúde física e mental? Cientistas dizem que isso depende dos hábitos sexuais de cada um. Uma pessoa que tem uma vida sexual ativa, de ao menos três encontros por semana, começa a sentir os primeiros sinais de sofrimento depois de cerca de 30 dias sem sexo. Já aqueles que mantêm relações espaçadas em 15 a 20 dias, ter um hiato de três a quatro meses não é algo preocupante.

Um jovem de até 29 anos, com a libido em dia, sem dificuldades de se manter sexualmente ativo — ou seja, tem ou consegue arranjar parceiro, é saudável e tem local para o encontro —, consegue em média ficar cerca de oito semanas (ou dois meses) sem ver o início das manifestações de “sofrimento” e se indagar se há algo errado com ele.

De acordo com um estudo do Instituto Kinsey para Pesquisas em Sexo, Gênero e Reprodução, nos Estados Unidos, a frequência sexual varia de acordo com a idade, depende de diversos fatores, como estilo de vida, saúde e libido, e tende a cair ao longo dos anos.

Os jovens de 18 a 29 anos, por exemplo, têm em média 112 relações sexuais por ano, o que corresponde a três encontros semanais. A média cai para 86 entre adultos de 30 a 39 anos, o que equivale a cerca de 1,6 atividades sexuais por semana. O grupo da faixa etária de 40 aos 49 anos tem um total de 69 atividades por ano, ou seja, 1,3 encontros sexuais semanais.

— É normal ter essa queda no número de atividades sexuais com o decorrer dos anos em razão do aumento de responsabilidade. Os adultos têm emprego, filhos, orçamento doméstico, entre outras situações que acabam tirando o sexo do primeiro plano — explica Abdo.

Os sintomas do sofrimento por abstinência, caso seja involuntária, incluem crises de ansiedade, que podem se traduzir em enfraquecimento do sistema imunológico e abrir caminho para doenças virais, bacterianas e infecções generalizadas. A redução da autoestima provocada por estar excluído do jogo sexual pode evoluir a longo prazo para um quadro grave de depressão.

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