Patrícia Kogut
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Lançada no Globoplay (produzida com o AfroReggae e A Fábrica), a terceira temporada de “A divisão” é a continuação de uma história bem-sucedida criada em 2019. E também é herdeira de uma escola que frutificou no nosso cinema no início dos anos 2000. “Cidade de Deus” é um expoente dela. Cenas de ação, de violência, e as comunidades pobres como cenário principal estão entre suas marcas. Com a multiplicação de produções do gênero, o nosso audiovisual aprendeu a dominar essa linguagem e sabe fazer muito bem sequências de perseguições urbanas e tiroteios. É o que podemos constatar aqui.

A trama é criação de José Junior e José Luiz Magalhães, com direção geral de Lipe Binder. Como nas temporadas anteriores, essa aventura está ambientada nos tempos em que os sequestros dominaram o Rio de Janeiro, apavorando sua população. Essa modalidade criminosa foi varrida cidade desde aquela época. As razões para isso ter acontecido são alheias a uma pacificação geral, todo mundo sabe disso. Mas o fato é que esse tipo de narrativa realista perde um pouco da sua voltagem por não estar em sintonia com o momento atual.

Acompanhamos as atividades da Divisão Antissequestro. Carlos Mendonça (Silvio Guindane) e Juliano Santiago (Erom Cordeiro) estão no comando agora. Parte do elenco continua e outras aventuras se desenrolam. O primeiro episódio — serão cinco, lançados toda sexta-feira — abre com um diálogo de um telefonema gravado. É uma mãe desesperada, no cativeiro, ligando para seu filho. Ela faz um apelo: que a família não meça forças para pagar seu resgate.

O recurso serve a deixar o espectador aceso. Pena que o efeito seja breve.

Segue-se uma operação policial importante, alimentada por informação de inteligência transmitida da delegacia por rádio. Mendonça e sua turma irrompem num pagode no alto do morro e acabam com a alegria. A luz se apaga e, nos dez minutos seguintes, a sensação de fim de festa continua, só que por outras razões. A luz continua débil. Não dá para enxergar mais nada. O espectador que se valha da sua boa audição para acompanhar os passos da guerra na tela. Sorte que Silvio Guindane, além de excelente ator, é um narrador de primeira e dono de uma voz poderosa. Essas sequências noturnas tensas deveriam testar os nervos de aço do público. Infelizmente, muito mal iluminadas, são só um teste de paciência.

Há, no entanto, compensações. O elenco é uma delas. Além de Guindane, Erom brilha como coprotagonista. Neusa Borges e Tony Tornado fazem adoráveis participações como os pais do delegado (Guindane). Marcelo Adnet tem uma oportunidade num papel dramático e surpreende positivamente. Cinnara Leal (Fernanda), Aisha Jambo (Andrea) e Branca Messina (Lavínia) são gratas presenças. O roteiro consegue abrir diversas tramas já na saída e, quando o capítulo termina, aos 44 minutos, o público se engajou. Isso apesar dos 11 passados na escuridão total.

Mais recente Próxima 'Quem é Erin Carter'?, vale a pena tentar descobrir? Leia a crítica para saber. Cotação: 3 estrelas (razoável)