Patrícia Kogut
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Lançada pela Netflix, “Magnatas do crime” é a atual sensação entre os stream-maníacos. Ela faz pensar em “Fargo”, já que também foi um filme (em 2019) e depois virou série. Ambas as produções têm a assinatura forte de um mesmo criador tanto no cinema quanto na televisão. “Fargo” é obra dos irmãos Joel e Ethan Cohen; “Magnatas”, de Guy Ritchie. As duas misturam crime pesado e sangue espirrando com humor ácido e cortante. “Fargo”, claro, é melhor, mas essa estreia merece a sua atenção.

E, antes de seguir com a crítica, vale um aviso: o espectador não precisa ter visto o longa para entender a série. O espírito é o mesmo, mas a trama recomeça do zero, e o elenco mudou.

O personagem central é Eddie Horniman (Theo James, de “The White Lotus”). Somos apresentados a ele trabalhando numa missão internacional na divisa da Turquia com a Síria. Nas cenas iniciais, ele é convocado pela família de volta para casa. O pai está à morte, avisa um enviado. Embarca então para a propriedade rural deles, na Inglaterra.

É um daqueles palacetes cuidados por um esquadrão de empregados que ajudam os nobres a vestir os casacos. Os jardins imensos parecem plácidos, e tudo no ambiente emana beleza e organização.

magnatas do crime — Foto: netflix
magnatas do crime — Foto: netflix

Porém, esse aparente clima de harmonia logo se dissipa. O patriarca morre. O testamenteiro reúne a família e quando revela o que ficou determinado no documento é um choque geral. Em vez de transmitir o título de nobreza e o dinheiro ao primogênito, como é lei na aristocracia desde tempos imemoriais, o morto deixou tudo para Eddie, o segundo filho. O ódio do irmão mais velho, Freddy (Daniel Ings), e a herança inesperada fazem disparar o enredo. A partir daí, a ação se precipita e se bifurca em numerosas subtramas.

Ao abrir o cofre do pai e encontrar uma pequena fortuna em espécie, o protagonista entende que a fazenda não estava na falência, como acreditava. Descobre, então, que o falecido pai tinha se associado a uma indústria criminosa de produção de maconha. À frente desse negócio está Susie Glass (Kaya Scodelario). Eddie e ela se tornam parceiros e formam uma dupla ligada, entre outros fatores, pela tensão sexual.

magnatas do crime — Foto: netflix
magnatas do crime — Foto: netflix

Os episódios correm puxados por cenas de perigo, disputas de território e drama familiar. Essa montanha-russa de acontecimentos reflete um roteiro irregular. Os conflitos se multiplicam, mas nem sempre prendem a atenção. Quando o enredo fica confuso, a eletricidade cai. Em compensação, o elenco de talentos puxa o nível do resultado para cima. E cenografia, figurinos e direção de arte encantam. Pena que volta e meia esse conjunto visual pareça um espetáculo à parte, um show que não dialoga com a história. Afinal, é ela sempre a principal responsável por capturar o espectador.

São oito capítulos que, entre altos e baixos, valem a viagem.

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