Patrícia Kogut
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RESUMO

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GERADO EM: 04/08/2024 - 08:06

Série "A Mulher no Lago" na AppleTV+: Mistérios e dramas em 1966

'A mulher no lago' com Natalie Portman na AppleTV+ requer persistência devido à confusão inicial, mas revela trama cativante a partir do segundo episódio. Ambientada em 1966, a série apresenta personagens complexos, como Maddie e Cleo, em meio a mistérios e dramas familiares. Apesar de cenários deslumbrantes, a série pode pecar pelo excesso de detalhes decorativos, prejudicando o enredo principal.

Para embarcar em “A mulher no lago”, série lançada com pompa pela AppleTV+, tem que ter perseverança. Atravessar o primeiro episódio é como nadar contra uma corrente. A maré desfavorável se deve a um roteiro que começa muito confuso. Vai aqui, entretanto, uma promessa: quem insistir vai passar a entender melhor a trama a partir do segundo capítulo. E aí vêm também diversas outras compensações para o espectador tenaz.

A temporada terá sete episódios, há quatro disponíveis na plataforma. Os inéditos entram toda sexta-feira.

A história, ambientada em Baltimore em 1966, é estrelada por Natalie Portman (a atriz, vencedora do Oscar, também produz). Ela vive Maddie Schwartz. Quando jovem, no fim da década de 1940, sonhou ser uma repórter em Nova York. Naquela época, namorava o estudante Allan Durst (David Corenswet), cuja mãe, uma artista plástica extravagante, admirava. Passados quase 20 anos, está casada com outra pessoa. Tornou-se uma dona de casa frustrada, inconformada com a rotina limitada das tarefas domésticas. O marido é um machão ingrato Milton (Brett Gelman) e o filho adolescente, Seth (Noah Jupe), também não a trata com carinho. Passa os dias preparando as refeições deles e ouvindo suas reclamações. Frequenta a sinagoga e dedica-se a atividades na comunidade judaica. Depende do marido financeiramente para tudo. Cumpre aquilo que se esperava das mulheres de sua geração consideradas “bem-sucedidas”.

Moses Ingram/A mulher do Lago — Foto: Divulgação
Moses Ingram/A mulher do Lago — Foto: Divulgação

Em outra ponta, está Cleo Johnson (Moses Ingram). É ela a Dama do Lago do título. Sabemos desde as primeiras cenas que ela morreu, mas a conhecemos viva, cuidando dos dois filhos pequenos e fazendo bicos. Para completar o orçamento, trabalha ainda numa casa noturna, um clube de jazz — pretexto para a série encantar com números musicais muito bem produzidos. Desesperada para sustentar a família, se arrisca em atividades criminosas.

Finalmente, há o desaparecimento de Tessie Durst (Bianca Belle), uma menina pequena e filha de Allan. Ele movimenta o enredo e puxa o suspense.

Os episódios abrem e fecham com a voz de Cleo. Ela dá seu recado do além. Mas não relembra a sua trajetória ou dá pistas da solução do crime. Em vez disso, o roteiro pega um caminho original: Cleo se dedica a criticar as vantagens que Maddie obteve ao publicar um livro sobre sua história. O recurso é interessante.

Os figurinos suntuosos, a cenografia e a reconstituição histórica grandiosa encantam. A Baltimore segregacionista, dos bairros ocupados por comunidades que não se misturavam, é um personagem em si. A situação terrível das mulheres nesses tempos pré-feminismo também.

“A mulher do lago”, entretanto, tem muita pirotecnia em detrimento da vontade de contar uma história. Assim, elementos “decorativos” acabam escondendo o essencial e o resultado é só morno.

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