Crítica
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Por Patrícia Kogut

Quem não está assistindo à segunda temporada de “The White Lotus” anda perdendo a melhor série no ar no momento. E aos leitores que ainda não chegaram ao sexto episódio, vai um aviso: daqui para a frente tem spoiler.

Intitulado “Abductions” (sequestros), o capítulo deu a impressão de transcorrer lentamente, sem grandes acontecimentos. Mas essa sensação de um polvo gosmento se arrastando na areia é enganosa.

A paisagem é linda e a cinematografia abusa dos planos aéreos, que destacam a geografia da Sicília e sua arquitetura dos sonhos. Mas, como o público pôde constatar desde o início, todas as relações entre os personagens são ruins ou, pelo menos, falsas. Agora, elas apodreceram mais um pouco. A degradação moral se aprofundou. As máscaras sociais ficaram mais evidentes. A única figura “inocente”, o bom rapaz Albie (Adam DiMarco), é um bobão preso nos chavões identitários politicamente corretos. Ele está ali como representante-clichê de sua geração. É um antípoda dos mais velhos da sua família, o pai (Michael Imperioli) e o avô (F. Murray Abraham). A busca dos três pelos ancestrais que teriam ficado para trás numa aldeia por falta de ambição para “conquistar a América” acaba em decepção. Era tudo idealização. Paralelamente, o casamento de Ethan (Will Sharpe) e Harper (Aubrey Plaza), frio e distante desde a primeira cena, entra em crise. A aparente harmonia e Cameron (Theo James) e Daphne (Meghann Fahy) também era mentira.

Paira um clima de perigo nas relações de Tanya (Jennifer Coolidge) com Quentin (Tom Hollander), um inglês que se diz herdeiro de um palacete. Tudo tem cheiro de golpe, mas ela cai. Nem no momento em que encontra uma foto do marido, Greg (Jon Gries), quando jovem, no quarto do anfitrião, ela desconfia de que está sendo engrupida. É uma triste figura.

A primeira temporada abraçou a crítica social com força. Agora, “The White Lotus” mergulha no drama sinistro e está imperdível.

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