'Santo maldito', do Star+, tem ótimo elenco e roteiro fraco

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Já nas primeiras cenas, entendemos que a trama será levada por um elenco excelente. Reinaldo é casado com Maria Clara (Ana Flávia Cavalcanti). Eles têm uma filha adolescente, Gabriela (Bárbara Luz). O protagonista ganha mal, e sua mulher é doutoranda bolsista. Os dois conversam sobre formas de complementar o orçamento doméstico. Ele acredita que um de seus livros vá se tornar um best-seller, ela ri. Eles fazem uma refeição em família na cozinha de casa, com a filha. O clima é bom. Ainda no primeiro episódio, Maria Clara testemunha uma briga de rua e leva um tiro acidental. É socorrida, mas entra num “estado vegetativo persistente”. Desesperado e afundado em dívidas para pagar a conta do hospital, Reinaldo decide desligar os aparelhos que a ajudam a respirar. É quando acontece o milagre, e ela recupera os sentidos.

A química dos atores, a luz bem-feita, a cenografia e o figurino indicam que “Santo maldito” tem qualidade. Isso seria verdade não fosse o roteiro. A premissa é interessante, mas falta naturalidade à construção. O didatismo domina os diálogos. Os personagens dizem frases como: “É um paradoxo. Justamente porque Deus não existe que tanta gente acredita nele”; “A gente só tem agora, nada é eterno”. Ou ainda: Maria Clara leva um tiro justamente diante de um muro onde se lê: “Deus no comando”. E vai para o Hospital Sagrado Coração de Maria. No momento em que Reinaldo explica à filha a situação da mãe, uma pomba pousa nas imediações acompanhada pela câmera lenta.

É como se a dramaturgia não acreditasse na inteligência do público. Ou no seu próprio poder de narrar a história com clareza. Pena.