Crítica
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Por Patrícia Kogut

Aos leitores em busca de uma boa série policial recomendo a espanhola “A garota na fita”, recém-lançada pela Netflix. Ela tem os clássicos ingredientes que todos esperam do gênero. É, por esse aspecto, previsível. Nem por isso deixa de eletrizar e surpreender. O enredo não fura barreiras nem inova, mas atende expectativas. Resumindo: trata-se de uma fórmula bem aplicada. São seis episódios de pouco mais de 40 minutos. A série convida, portanto, a uma alentada maratona.

A trama se baseia em “La chica de nieve”, romance de Javier Castillo que, como dizem os americanos, é um page turner (convida a virar páginas sem parar). Daqui para a frente, tem spoiler.

A ação começa em 2010 e vai avançando e recuando no tempo como nos roteiros mais esquemáticos. É quando Amaya Nuñez, de 6 anos, vai com os pais à Cavalgada dos Reis Magos. A festa mobiliza a população de Málaga, que comparece em peso na praça central.

O pai (Raúl Prieto) atravessa a multidão com a filha no cangote. Vão comprar um balão. Ele deposita Amaya no chão por um minuto, para pagar o vendedor. Quando se volta, ela desapareceu. A câmera carrega o espectador na correria infrutífera dos pais. O desespero é aflitivo.

Paralelamente, somos apresentados a uma estagiária do jornal local. Miren Rojo (Milena Smit) tem o olhar triste. Sabemos que sofreu alguma violência no passado. Mas os detalhes só vão sendo esclarecidos a partir do terceiro episódio. O editor não quer a moça cobrindo o caso, mas Miren enfrenta todos os impedimentos e vai descobrindo pistas. Assim, os dois núcleos se cruzam.

Outra personagem importante é a policial Belén (Aixa Villagrán), que atuou no caso de Miren e lidera as buscas por Amaya.

Assim, o enredo pula para 2016. A menina não foi encontrada, e a história se torna mais e mais intrincada. Ela se abre para tramas laterais pesadas, como uma rede de pedofilia. Em duas ocasiões, a família recebe fitas com imagens de Amaya crescida.

Sem revelar nada sobre o desfecho, digo apenas que o mistério se resolve de maneira fácil para a dramaturgia, mas difícil, para não dizer impossível de decifrar, para o espectador-detetive. Esse tipo de saída traz sempre uma dose de traição. Quem assistir entenderá do que estou falando.

“A garota na fita” é bem-construída e sua ambientação encanta. Málaga, cidade espanhola menos conhecida dos turistas que Madri e Barcelona, é um personagem em si. Há inúmeras externas explorando as ruas de prédios lindos. O elenco cumpre sua tarefa com competência, e a direção, idem.

Merece toda a sua atenção.

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