Crítica
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Por Patrícia Kogut

Num intervalo comercial da cerimônia do Oscar, no último domingo, o Hulu anunciou que lançará a segunda temporada de “O urso” um junho. Por aqui, o Star+ confirma que exibirá a atração também. Não crava a data, mas diz que será este ano. Até aqui, a primeira temporada e seu elenco estão levando todos os principais prêmios da televisão americana. Eis, portanto, bons pretextos para voltar a falar da série.

Com a perspectiva da reestreia, fui rever os dois últimos episódios (são oito). São os de mais alta voltagem. “O urso” já começa mostrando seu calibre desde as primeiras cenas. Mas é nesse terço final que ela sobe um degrau e se consagra como uma das melhores do ano sem frestas para contestação.

O enredo se desenrola em Chicago, na cozinha de um restaurante. O lugar é uma bagunça, deficitário, tem dependências imundas e desorganizadas. Nas imediações, funciona um ponto de venda de drogas.

Quando conhecemos o protagonista, Carmy (Jeremy Allen White), ele está voltando à cidade depois de uma carreira brilhante como chef dos melhores restaurantes dos EUA. Seu irmão, que tocava a lanchonete, se suicidou e deixou o negócio para ele. Carmy assume a tarefa. É tudo muito difícil.

“O urso” usa linguagem de reality show, sem ser um. Trata-se de um drama com algum suspense. Esse deslocamento causa estranheza. Arrebata e mantém o espectador tenso o tempo todo.

A comida e a mistura de ingredientes como metáfora é um ponto largamente explorado — mas sem obviedades. Vemos isso no valor terapêutico da produção coletiva dos pratos. E também na diversidade do elenco. Uma latina, um sudanês, negros e brancos (white trash, como se chama de forma depreciativa a população branca pobre) se revezam nas panelas. É o grande caldeirão cultural americano. Além de Jeremy Allen White, Ayo Edebiri, Ebon Moss-Bachrach, Lionel Boyce e Liza Colón-Zayas estão magníficos. Não perca.

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