Crítica
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Por Patrícia Kogut

Quem estiver procurando uma daquelas séries que fogem aos roteiros esquemáticos mais manjados deve conferir a britânica “Vida de casal” (“Mammals”). Os seis episódios de quase meia hora chegaram recentemente ao Prime Video da Amazon. Dá para maratonar numa tarde. A trama foi classificada como “comédia dramática”, mas de comédia não tem nada. O enredo busca fazer um retrato do casamento — suas alegrias e vicissitudes.

À primeira vista parece uma história leve e bobinha em torno de um casal feliz. Porém, logo a trama apresenta outras pretensões. Isso começa com um aborto. Depois, as interrogações morais se sucedem.

Somos apresentados a Jamie (James Corden) e Amandine (Melia Kreiling) viajando de carro pela costa perto de Plymouth, território britânico ultramarino. A paisagem é idílica, e eles parecem apaixonados. Amandine está grávida. A sensação de felicidade surreal se intensifica quando Jamie avista, no chalé vizinho ao que alugaram, o cantor Tom Jones. Pouco depois, entretanto, ela percebe um sangramento. É levada para o hospital e perde o bebê. E o momento perfeito passa.

Com a mulher internada, Jamie fica com a tarefa de avisar aos amigos e familiares sobre o que houve. É quando descobre mensagens de outros homens no telefone dela. E “Vida de casal” se concentra na obsessão dele pela traição. Paralelamente, a irmã dele e o cunhado também entram em crise.

A série é centrada nas falhas do modelo conjugal tradicional. Levanta dúvidas sobre a monogamia e sublinha a tese de que ninguém é irrestritamente sincero. Faz isso com um roteiro engenhoso, delicado e ao mesmo tempo poderoso. É uma narrativa bem original. Compacto, o elenco é muito convincente e a trilha, ótima.

A produção envolve, distrai e surpreende. Merece a sua atenção.

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