Crítica
PUBLICIDADE

Por Patrícia Kogut

A HBO substituiu “Succession”, uma de suas mais celebradas séries, por “The idol”. O lançamento, anteontem, foi na faixa para a qual eles programam o filé de sua produção — domingo, às 22h. Dois episódios tinham sido apresentados no Festival de Cannes, no mês passado, onde foram recebidos com uma chuva de críticas negativas.

Quem já estava com saudades de “Succession” sentiu ainda mais a falta dela depois dessa estreia.

As requintadas tramoias envolvendo os Roy deram lugar a um enredo localizado no universo da música pop e centrado em Jocelyn (Lily-Rose Depp). A personagem é um genérico de Britney Spears, problemática, construída de acordo com os clichês que se aplicam a jovens estrelas desse mercado. Vive numa casa imensa e cercada de puxa-sacos.

O trabalho brilhante de Lily-Rose Depp (ela é filha de Johnny Depp e da atriz francesa Vanessa Paradis e já foi indicada duas vezes ao César, maior prêmio do cinema francês) é uma força da produção. O elenco, no geral, aliás, é bom. O premiado Dan Levy (“Schitt’s Creek”) está nele.

A série abre com a protagonista gravando um clipe. Enquanto isso, uma crise se desenrola nos bastidores. É que um vídeo da moça com o rosto cheio de esperma viraliza. Seu entourage, com medo da fragilidade emocional da cantora, tenta esconder dela o que houve. Paralelamente, eles planejam qual será a “narrativa”/resposta para os fãs. Jocelyn é a galinha dos ovos de ouro de produtores musicais, diretores de gravadora e empresários. São eles que decidem cada passo dela e trabalham para cultivar sua imagem pública. Essa objetificação do artista por razões argentárias é o ponto mais interessante da série.

Pena que tudo isso se perde num grande esforço para chocar. Há muitas cenas de sexo e foco no (mau) comportamento da protagonista. Só que o tiro sai pela culatra: o público nota o truque baixo. “The idol”, pelo menos até aqui, não empolga (também não choca).

Mais recente Próxima Até que ponto a internet, a televisão e o streaming se interalimentam?