Crítica
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Por Patrícia Kogut

Dia desses escrevi aqui sobre o primeiro episódio da nova temporada de “Black mirror” (o texto está aqui). Hoje, destaco o terceiro, “Beyond the sea”, que narra a jornada de dois astronautas. O enredo é ambientado em 1969, ano em que o homem pisou na Lua. Só que eles estão numa missão de seis anos pelo espaço, sem pouso programado. É o primeiro sinal de que veremos uma aventura de História alternativa, um filão ficcional muito interessante. Tem spoiler.

A nave é um dos cenários principais do episódio. A bordo, estão apenas David (Josh Hartnett) e Cliff (o maravilhoso Aaron Paul, o Jesse Pinkman de “Breaking bad”). Com isso, o talento dos atores fica em destaque. Há muitas sequências só com os dois.

O elenco é compacto, mas os personagens se multiplicam. É que, enquanto os corpos estão no espaço, seus avatares ficam na Terra e visitam a família. Essas réplicas humanas são idênticas. A consciência “viaja” depois que um cartão é ativado por uma engrenagem eletrônica. É tudo muito moderno para os anos 1960.

Um dia, um grupo de hippies invade a casa de David, na Califórnia. Eles destroem sua réplica e matam a mulher e os dois filhos do casal. O astronauta testemunha tudo do espaço e não pode fazer nada. Com pena do colega, Cliff oferece o próprio avatar para ele passear na Terra no seu lugar e se distrair um pouco. Essas visitas, contudo, fazem brotar uma tensão sexual entre David e a mulher de Cliff, Lana (Kate Mara). E os dois homens passam a competir pela mulher.

O jogo de duplicação dá a Aaron Paul a chance de encarnar dois personagens. Chance que ele aproveita muito bem. O roteiro é cheio de originalidade e explora o suspense e o drama. Para completar, a canção “Quand on n’a que l’amour”, na voz de Jacques Brel, embala tudo.

O episódio tem uma hora e 20 minutos que passam num instante. Merece a sua atenção.

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