Patrícia Kogut
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Por Thayná Rodrigues

Gabriel Leone, que cresceu na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, rodou na Itália "Ferrari", filme sobre Enzo Ferrari protagonizado por Adam Driver, Penélope Cruz e Shailene Woodley. O brasileiro interpretará Alfonso De Portago no longa e morou em Modena por quatro meses com Carla Salle, sua companheira, para imergir na grande experiência profissional. Em outra produção, para a Netflix, está escalado para viver Ayrton Senna. No cinema, lança, nesta quinta (23), "O rio do desejo", filme dirigido por Sérgio Machado. E, na TV, seu último papel em novelas foi em "Um lugar ao Sol". O ator de 29 anos avalia que transpor fronteiras com a arte é uma expansão natural de sua trajetória:

— Enxergo minha carreira de uma forma única. Minha carreira é minha carreira, independentemente de onde estou fazendo o projeto, com qual diretor, com qual personagem, de qual língua está sendo falada... É um trabalho, são personagens, é uma história sendo contada. Lógico que tem diferenças como tamanho de produção, idioma, pessoas com que contraceno. E isso é maravilhoso: a possibilidade de poder expandir todos esses horizontes. De ter feito um filme falando inglês, um filme contracenando com atores que admiro, assim como aconteceu aqui em vários trabalhos com atores que admiro muito, com diretores... Acho que a gente vive um momento do mercado, no mundo, de intercâmbios culturais dentro da arte. Streaming proporciona muito isso. E muitos atores de fora também vêm participar de projetos nacionais.

Leone acaba de estrear no streaming a segunda temporada da série "Dom", uma das mais vistas do Prime Video. Trata-se do último trabalho acompanhado do início ao fim por Breno Silveira, diretor que morreu após sofrer um infarto, em 2022, no set do longa "Dona Vitória", protagonizado por Fernanda Montenegro:

— Todos nós amávamos o Breno, tínhamos uma relação maravilhosa com ele. Sentimos diariamente sua falta. A segunda temporada foi toda filmada por ele. E chegou a ter boa parte editada, montada por ele também. A experiência com Adrian Teijido, o novo diretor, foi para a terceira temporada, que filmamos na última semana (ainda sem data de estreia). Teijido foi o fotógrafo da primeira e da segunda temporadas. Ele fotografou "O rio do desejo" também. Então, ao mesmo tempo (que a equipe sentia falta de Silveira), foi um set leve, fluido. Teijido é um cara sensível, amoroso, cuidadoso. As sequências são sempre pesadas, mas foi muito bom. Fechamos essa história. Terminamos de contar. Era o desejo do Breno, e nós encerramos da melhor maneira possível: juntos, unidos, pelo Breno o tempo inteiro. Foi um processo maravilhoso.

Após a estreia da primeira temporada, uma polêmica tomou a internet: uma carta da irmã de Pedro Lomba viralizou. A série se baseia na história do criminoso carioca, com argumento do pai dele, Victor Lomba. Gabriel Leone, que já tinha afirmado em entrevistas que Dom é um dos personagens mais complexos da carreira, explica que essa percepção tem a ver, sobretudo, com o perfil psicológico e com questões que a trama suscita, seja na ficção ou em seus desdobramentos:

— Nossa série é baseada em fatos reais. Alguns pontos da história e características dos personagens vêm, principalmente, do pai do Pedro Lomba, do Victor, que foi quem idealizou o projeto, e da visão dele. Da forma que ele enxergava ele mesmo, o filho e as histórias que eles viveram. É o lado dele, a visão e a versão dele. Só que a gente nunca teve contato nenhum. Nem com Victor e, logicamente, nem com Pedro (morto em 2005). E nem com ninguém da família. Quem teve contato com o Victor, mesmo que indireto, foi o Breno. Victor faleceu meses antes de a gente começar a rodar a primeira temporada. Então, nesse sentido, nosso norte sempre foi o Breno. Ele tinha propriedade daquela história (leia a carta aberta de Breno Silveira sobre o assunto), participava da sala de roteiro. Era roteirista da série também e dirigia. No dia a dia, tinha essa troca de ideias. No fim das contas, foi um processo com liberdade de criação para a gente também, uma vez que os personagens estavam estabelecidos. E é uma obra de ficção. Então, algumas escolhas vão ser feitas. Algumas adaptações e mudanças serão feitas para que aquilo funcione como dramaturgia, série. Era um menino que cresceu com oportunidades, na Zona Sul do Rio, e teve a vida que teve, passou pelo que passou. Ainda assim, ele era solar, carismático, querido por muitas pessoas. E, ao mesmo tempo, gerou traumas, cometeu crimes e atitudes hediondas com outras. Isso já o torna complexo. E é o que mais me fascina na hora de escolher um papel: a possibilidade de olhar para personagens enquanto seres humanos que vão cometer erros, no caso do Pedro, crimes, mas não só isso. Tem outro lado do cara: é filho, pode se tornar pai, tem a vida, amigos, atitudes boas, bacanas... Nada que justifique os crimes, de maneira alguma, mas, para mim, como intérprete, é interessante olhar sem julgamento.

Nos bastidores de outras séries que releem tragédias, entre elas "Todo dia a mesma noite", sobre o incêndio na Boate Kiss (RS), é comum elenco e equipe relatarem experiências densas e, por vezes, sobrenaturais. Com "Dom", que envolve um drama real familiar, Leone, que é umbandista, diz ter sentido profundidade da mesma dimensão:

— Tenho espiritualidade, super. Minha família praticamente inteira é da umbanda desde que nasci. Frequento, gosto muito e respeito a religião. E "Dom" é uma história triste, uma tragédia familiar. Desde o início, eu e as pessoas envolvidas tivemos consciência e lidamos de maneira responsável porque a gente sabe que está tocando numa ferida para seres humanos, para uma família, para pessoas que ainda estão vivas. Tenho consciência disso. E peço licença aos que estão aqui e aos que não estão para contar essa história. O motivo de contá-la está aí. Foi o que me motivou quando Breno me contou, quando ele disse o que o fez criar o projeto. E é uma possibilidade de, através, dela, gerar reflexões, colocar luz sobre um tema tabu, a questão da dependência química, e falar disso dentro de um núcleo familiar. Essa série tem responsabilidade e importância social. É a isso que me apego.

Além da releitura ficcional das questões de família e dos crimes hediondos, outras sequências que chamam atenção na segunda temporada são as que mostram o sofrimento do criminosos e o das famílias vítimas de seus crimes, além de cenas de sexo. Leone conta que, para as de nudez, houve uma profissional para preservar a intimidade dos artistas:

— Todas as cenas que estão presentes ali, as de droga, de violência ou de sexo, estão totalmente inseridas num contexto da série e justificadas. Elas estão porque têm que existir e foram feitas com o maior cuidado do mundo pelo Breno, pela equipe A gente já tinha uma função, no set, que é nova no mercado e é importantíssima: coordenadora de intimidade. É uma pessoa preparada e que está no set neste tipo de cena justamente para cuidar ou evitar desconfortos. Eu não sou a favor de cenas gratuitas. Elas têm que ter um porquê na história para aqueles personagens. E acho incrível, fundamental, esse movimento de olhar para isso com o cuidado que merece. Especialmente sobre os corpos das mulheres. Eles sempre foram explorados no audiovisual, não só no Brasil, mas no mundo.

Fora da ficção, o ator tem uma parceira há pouco mais de seis anos, com quem já vive sob o mesmo teto: a atriz Carla Salle. Leone já os considera "casados". E lembra com carinho do período em que os dois viveram na Europa:

— Em 2023, a gente faz sete anos juntos. E desde o início a gente tem uma admiração grande um pelo outro, artisticamente falando. Sempre nos apoiamos, nos ajudamos, nas vezes em que trabalhamos juntos e quando não estávamos. A gente tem uma troca muito grande, vive disso e vive a arte a todo instante. É difícil a gente não estar falando sobre um filme, uma peça. Além da experiência na Itália, que foi incrível pelo filme e pelo processo, essa experiência de ter morado lá por quatro meses e de ela ter estado comigo quase no tempo total... A gente deu essa sorte, na verdade. Como nossa vida é muito louca e cada hora um filma num canto, demos sorte de ela estar entre projetos e filmagens. Ficamos juntos boa parte desse tempo. Curtimos, moramos lá, passeamos... Estamos casados. Ainda não de papel passado, mas moramos juntos desde o início do ano passado.

Em meio a revelações de artistas sobre seus relacionamentos fluidos e acordos diversos, Gabriel Leone ri ao ser questionado se seu casamento é fechado:

— Sim, sim, sim, sim. Totalmente fechado. À nossa moda.

Gabriel Leone e Carla Salle — Foto: Reprodução/Instagram
Gabriel Leone e Carla Salle — Foto: Reprodução/Instagram
Gabriel Leone (Dom) e Dhonata Augusto (Quinado) nos bastidores de 'Dom'. Segunda temporada teve direção de Breno Silveira — Foto: Divulgação
Gabriel Leone (Dom) e Dhonata Augusto (Quinado) nos bastidores de 'Dom'. Segunda temporada teve direção de Breno Silveira — Foto: Divulgação
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