Patrícia Kogut
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Por Anna Luiza Santiago

"A-ni-ma-dís-si-ma". É assim, com a habitual empolgação, que Susana Vieira promete voltar ao ar como Cândida em "Terra e paixão", próxima novela das 21h. O retorno acontece após o mais longo hiato de sua carreira na teledramaturgia: foram quatro anos longe das novelas, desde "Éramos seis", de 2019. Um afastamento forçado pela pandemia, difícil para alguém que se considera "uma operária da TV".

— Desde que entrei na Globo, em 1970, sempre declarei que adoro novela, adoro fazer e adoro ver. Leva um país inteiro a esperar o dia seguinte para saber um grande segredo. Faz parte do divertimento do povo brasileiro. Se sinto a mesma empolgação? É óbvio. Para mim, aquilo é vida: estar em cena fazendo um papel que não sou eu, contracenando com os melhores amigos que tenho. E, mesmo que sejam inimigos, são ótimos atores — brinca.

A fratura no quinto metatarso do pé esquerdo, sofrida em janeiro, não foi capaz de frear esse entusiasmo nem atrapalhou a preparação para a novela, garante Susana. Em fase final do tratamento de fisioterapia, ela estuda on-line para a trama de Walcyr Carrasco, já fez prova de figurino e, no final deste mês, passará pelo processo de caracterização. Sua personagem será dona do bar da cidade fictícia da história, ambientada no Mato Grosso do Sul. Ela esconderá um grande segredo de Irene (Gloria Pires).

Antes de começar a aparecer na história, que estreia em maio, a atriz poderá ser vista na reprise de "A Sucessora" (1978), no Viva, a partir do próximo dia 27:

— Considero uma obra-prima televisiva. Por tudo: texto, direção, figurino, cenário e atores. Eu tenho as melhores lembranças. O texto do Manoel Carlos trabalhadíssimo... A direção era do Herval (Rossano). E os atores, meu Deus do céu. Foi a primeira vez que contracenei com Nathalia Timberg. Tinha a Arlete Salles, minha melhor amiga até hoje. E o Rubens de Falco (morto em 2008, veja foto abaixo) fazia tão bem o papel que fiquei apaixonada por ele. Meu papel era de uma menina de 16 anos. Acho que eu tinha 40 (tinha 36) e convencia. Minha vida naquela época era felicíssima. Estava casada com o Carson (o empresário Carson Gardeazabal), se não me engano. Não. Não estava casada com ninguém, não. Tanto que me apaixonei pelo Rubens e ele, por mim. Vivemos um caso de amor de dois anos. Fomos para a Europa, passeamos de barco, fomos para a Itália, a Grécia e o Egito. Nossa... Foi uma das melhores novelas da minha vida. Porque juntou tudo: a vida real com a vida da ficção. Foi uma ma-ra-vi-lha. Era um brinco de novela, como diria vovó.

Susana diz que faz questão de acompanhar as reexibições das tramas:

— Seria uma pessoa muito bobinha se não gostasse de acompanhar as reprises, as minhas e as dos outros. O canal Viva é uma escola para os atores novos e um deleite para os antigos. São verdadeiras aulas de interpretação, obras-primas de texto. Não acompanho diariamente porque não estou em casa o tempo todo, e o canal Viva tem uns horários muito estranhos. Mas, se pusessem tudo o que está lá na programação da Globo inteira hoje, seria um su-ces-so.

Ela compara as produções de outrora com as atuais e faz críticas:

— Há uma diferença grande entre os textos, que eram muito mais trabalhados e elaborados. As cenas era mais longas e os atores, mais compenetrados. Você se interessava pela história. Hoje em dia é uma correria em cada capítulo. Se você sair um minuto da sala, já vai ser outra história. Daqui a pouco aquele ator que estava de maiô na praia já está dentro de uma boate. Tem muito movimento nas novelas hoje em dia, sem necessidade. Mas, se os tempos mandam e demandam isso, vamos fazer o quê? Estou respondendo como uma atriz telespectadora, e não como uma atriz. Sou telespectadora, ouço as pessoas falando. Tem muito movimento, muito cenário, muito elenco, muita piscina, muito barco. Tem que ter tudo. Quando termina o capítulo, você está exausto.

Susana olha para o passado sem perder de vista o futuro. Ciente de que vários atores consagrados estão deixando de ter contratos fixos com a Globo, prefere mirar os próximos anos com otimismo:

— Não tenho medo disso, não. Tenho 80 anos de idade, 50 de Globo. Se eu começar a ter medo agora, vou ficar triste e deprimida, não vou querer fazer nada. E eu ainda tenho muita coisa pra fazer. Então, se alguém aqui não me quiser, deve ter algum lugar que queira. E ainda tenho uma família inteira que mora em Miami, na Flórida, que está me esperando de braços abertos. Só tenho alegria na minha frente.

Medo ela diz sentir mesmo quando o assunto é a saúde. Durante a pandemia, contraiu o coronavírus e ficou internada em estado grave em agosto do ano passado:

— Eu evitei durante toda a pandemia fazer qualquer coisa devido à minha leucemia (leucemia linfocítica crônica). Então, não saía de casa, não ia a um aniversário. Eu só fazia matérias para a Globo on-line. E acho que me cuidei muito bem. Assim que resolvi sair, peguei uma Covid muito grave. Fiquei 40 dias com o bicho Covid dentro de mim. O teste dava positivo toda semana. Tomei muitos remédios. Fiquei mal no hospital, foram dez dias internada. Os médicos viram que eu estava com 80% do pulmão tomado. Tive muitos problemas, mas saí viva.

Por conta da leucemia, Susana continua mantendo os cuidados e segue usando máscara. Apesar de estar mais reclusa nos últimos tempos, não dispensa uma boa prosa:

— Eu tenho uma vida "sociabilíssima". Saio de caso e faço sociabilização no mercado, no shopping, no Centro da cidade, na delegacia... Eu aproveito qualquer lugar para fazer amizade, puxar um papo, aproveitar a vida e conhecer pessoas. Se não vou a mais lugares, é porque não quero, sinceramente.

E a vida amorosa também vai bem, obrigada:

— Eu tenho muitos companheiros aqui em casa. Se tenho vontade de ter algum marido? Não tenho, não. Mas companheiros eu os tenho. Alguns são passageiros, outros ficam. Aliás, os que ficam geralmente têm quatro patas. São quatro cachorrinhos. E companheiro de duas pernas de vez em quando passa um na minha vida, mas estou muito feliz do jeito que estou.

Susana Vieira e Rubens de Falco em cena da novela 'A sucessora', de 1978  — Foto: Agência O Globo
Susana Vieira e Rubens de Falco em cena da novela 'A sucessora', de 1978 — Foto: Agência O Globo
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