Mundo Coronavírus

Avanço rápido da Ômicron impede festas de Ano Novo em vários países do mundo

Nos últimos sete dias foram detectados, em média, um milhão de infecções diárias, 46% a mais do que na semana anterior
Fogos celebram a chegada de 2022 em Sydney, na Austrália, onde aumento de casos de Covid não atrapalhou comemoração Foto: JAIMI JOY / REUTERS
Fogos celebram a chegada de 2022 em Sydney, na Austrália, onde aumento de casos de Covid não atrapalhou comemoração Foto: JAIMI JOY / REUTERS

NOVA YORK, SYDNEY E MADRI — Os planos de comemorar a virada do ano foram atrapalhados para milhões de pessoas em todo o mundo, já que muitos locais limitaram drasticamente as festas para tentar conter o avanço da variante Ômicron, altamente contagiosa , que na última semana fez o total de infecções no mundo superar o marco histórico de um milhão de casos diários.

A exceção foi Sydney, na Austrália, onde a virada do ano foi celebrada por milhares de pessoas com uma tradicional exibição de fogos de artifício no porto da cidade.

Detectada há dois anos e declarada pandemia mundial em março de 2020, A Covid-19 já matou mais de 5,4 milhões de pessoas, desencadeando crises econômicas e obrigando as sociedades a viver confinamentos intermitentes.

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Dos Estados Unidos à Grécia, da França ao Brasil, o forte repique tem obrigado os governos a voltar a impor restrições e, em alguns casos, a cancelar as festas de réveillon. O Papa Francisco também cancelou, na quinta-feira, sua tradicional visita na véspera do Ano Novo ao presépio na Praça de São Pedro, preocupado com a propagação do coronavírus na multidão reunida.

Nos Estados Unidos, que bateram, na quinta-feira, um novo recorde de novos casos diários , Anthony S. Fauci, o maior especialista em doenças infecciosas do país, recomendou pequenas reuniões com parentes e amigos em casas onde as pessoas estão vacinadas com doses de reforço.

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Em Nova York, onde os casos aumentaram na última semana, o prefeito Bill de Blasio anunciou uma redução da comemoração na Times Square para no máximo 15 mil convidados, quase um quarto do normal. Todos deverão usar máscaras e apresentar comprovante de vacinação completa.

Europa muda planos

Em Sydney, a cidade mais atingida pela Ômicron na Austrália, o aumento de casos não impediu a festa de Ano Novo, que reuniu (horário local) millhares de australianos e turistas à beira do porto para assistir aos famosos fogos de artifício, uma exibição pirotécnica que durou 12 minutos.

Na Europa, o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) atualizou seu mapa de risco na quinta-feira e todos os países da União Europeia, com exceção da Romênia, estão em alerta, com uma taxa de contágio de mais de 200 ou 500 casos, respectivamente, por 100 mil habitantes. Com quase 80% da população adulta do bloco vacinada — em alguns países com mais de 90% —, a própria Comissão Europeia aprovou, no fim de novembro, uma recomendação para que as restrições fossem relaxadas de forma generalizada.

Mas o avanço rápido da nova variante no continente fez com que governos cancelassem as comemorações em várias capitais, como Bruxelas, Paris, Londres e Roma. A festa tradicional de Berlim, no Portão de Brandemburgo, não contará com público — as apresentações serão transmitidas ao vivo pela televisão. Os encontros são limitados a um máximo de 10 pessoas.

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Em vários países europeus, como Reino Unido, Itália e Portugal, as novas infecções continuaram batendo recordes nesta sexta-feira, embora internações e mortes estejam muito abaixo do período anterior à campanha de vacinação.

Mulher usando uma máscara caminha com uma criança em uma instalação de Ano Novo em shopping center em Pequim, na China Foto: FLORENCE LO / REUTERS
Mulher usando uma máscara caminha com uma criança em uma instalação de Ano Novo em shopping center em Pequim, na China Foto: FLORENCE LO / REUTERS

Na França, que superou pelo terceiro dia consecutivo a marca dos 200 mil novos contágios diários, a Prefeitura de Paris cancelou a celebração com fogos de artifício na Avenida Champs-Élysées.

O governo francês anunciou nesta sexta que a variante Ômicron já é responsável pela maioria das infecções no país, onde o vírus experimenta uma "progressão significativa" nos últimos dias.  Grandes festas públicas também estão proibidas e as boates, fechadas desde 10 de dezembro, continuarão assim pelo menos nas primeiras três semanas de janeiro. Além disso, os bares de Paris terão que fechar as portas às 2h e, a partir da sexta-feira, será obrigatório o uso de máscaras em ambientes externos para maiores de 11 anos.

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Na Espanha, os festejos públicos foram cancelados na maioria das cidades, com exceção de Madri, onde está prevista uma celebração pública limitada a 7 mil pessoas, em comparação com as 18 mil de 2019. O país voltou a superar o recorde de contágios diários nesta quinta, com 161.688 casos em 24 horas.

A Dinamarca, que atualmente tem o maior número de novos casos no mundo em relação à sua população, também superou pelo segundo dia consecutivo a marca de 20 mil infecções adicionais.

Na Grécia, a música foi proibida em bares e restaurantes, que fecharão respectivamente à meia-noite e às 2h nesta sexta, alertou o ministro da Saúde, Thanos Plevris. O país registrou um novo pico de contágios diários na quarta-feira, seguindo o mesmo caminho de outros países, que há dias batem recordes de casos, como França, Reino Unido e Espanha.

O repique de infecções também começa a atingir a América Latina, região global com maior índice de vacinação contra a Covid-19 , e o Caribe — onde Cuba exigirá a partir de 5 de janeiro o esquema vacinal completo e exame PCR negativo para quem quiser entrar no país. A região acumula agora mais de 47 milhões de contágios e cerca de 1,6 milhão de mortes.

Na Cidade do México e em São Paulo, as autoridades cancelaram os festejos de Ano Novo por causa da Covid-19. No Rio de Janeiro, a praia de Copacabana, que no Ano Novo costuma reunir mais de três milhões de pessoas, terá sua capacidade limitada , não contará com os shows tradicionais na virada do ano e a queima de fogos será feita em nove locais da cidade para evitar aglomerações.