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Mundo Coronavírus

Em dilema de visibilidade, Biden critica resposta de Trump ao coronavírus

Enquanto Trump aparece diariamente em entrevistas coletivas na Casa Branca, ex-vice-presidente tem dificuldades em sua estratégia online e no desvio de foco do noticiário
Ex-vice presidente Joe Biden, durante evento de campanha em Detroit, Michigan Foto: JEFF KOWALSKY / AFP / 09-03-2020
Ex-vice presidente Joe Biden, durante evento de campanha em Detroit, Michigan Foto: JEFF KOWALSKY / AFP / 09-03-2020

WASHINGTON – Frente a questionamentos sobre sua falta de visibilidade durante a pandemia do novo coronavírus , crise que pôs as primárias democratas em segundo plano , o ex-vice-presidente Joe Biden pressionou o presidente Donald Trump para que a Casa Branca acelere e intensifique sua resposta ao Sars-CoV-2.

Em sua primeira aparição pública em seis dias, Biden criticou as ações iniciais do governo, tachando-as de vagarosas e insuficientes e declarando que "Trump continua a dizer que ele é um presidente de tempos de guerra . Bem, comece a agir como tal".

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O ex-vice-presidente de Barack Obama (2009-2017), que deixou Bernie Sanders para trás na corrida pela indicação democrata para as eleições de 3 de novembro, apareceu em uma transmissão ao vivo de sua casa em Wilmington, no estado de Delaware. Ele falou de um pódio com o logo de sua campanha, como se estivesse em um comício. Ao fundo, havia uma estante com livros e fotos da sua família.

— Deixem-me ser claro: Donald Trump não tem culpa pelo coronavírus, mas é responsável pela nossa resposta — disse Biden. — E eu, como todos os americanos, espero que ele melhore e comece a acertar.

Biden vem tendo dificuldades para ter visibilidade em meio à crise, desafio ainda maior frente às constantes aparições do presidente na televisão. Trump é figurinha carimbada nas entrevistas coletivas diárias da Casa Branca sobre a crise de saúde — eventos que atraem cobertura midiática. Biden, por sua vez, não aparecia frente às câmeras desde sua vitória nas primárias de Illinois, Arizona e da Flórida , na última terça. Neste intervalo, no entanto, os efeitos da pandemia nos EUA aumentaram bastante.

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A ausência de Biden dos holofotes vem sendo alvo de críticas de seus opositores no Twitter, com integrantes da campanha de Trump tuitando a hashtag #WhereIsJoe (#CadêJoe). Seu perfil discreto vem sendo um risco para sua candidatura conforme a crise se acentua: por mais que a mensagem transmitida por Trump seja factualmente errada ou enganosa, pode ser absorvida pelos eleitores americanos sem que seja questionada pelos democratas.

— O que me preocupa é que, com esta crise, nós vemos Donald Trump todo dia em sua coletiva de imprensa — um doador disse a Biden durante um evento de campanha realizado por telefone no domingo. — E eu adoraria te ver mais. Assim, como conseguimos ter mais de você e menos dele?

Esforços comunicacionais

A campanha virtual de Biden vem trabalhando para melhorar suas habilidades comunicacionais: na conferência telefônica de domingo, o candidato disse que uma sala de lazer na sua casa foi transformada em um estúdio de televisão. À imprensa, ele falou ainda sobre as especulações sobre uma possível tentativa de Trump de adiar as eleições gerais em razão do coronavírus — algo que o presidente dos EUA não tem autoridade de fazer.

— A ideia de adiar o processo eleitoral aparenta para mim estar fora de cogitação — disse Biden. — Eu sei que há muitos boatos e especulações sobre "será que o outro cara [Trump] vai tentar adiar as eleições de novembro?" e coisa e tal. Não há necessidade disso.

Biden também deu indicativos de que está pensando seriamente em quem será seu futuro vice-presidente na chapa, afirmando que é necessário começar o processo de análise “relativamente em breve, em questão de semanas”. Segundo Biden, seis ou sete pessoas serão analisadas no processo de checagem. Ele disse ainda torcer para que, não haja qualquer confusão com o nome quando, “se Deus quiser, for escolhido candidato”. No último debate presidencial, ele anunciou que sua companheira de chapa será uma mulher .

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Sua equipe também vem soltando uma série de comunicados e fazendo postagens repetidas em redes sociais sobre o assunto. Uma delas é de um vídeo onde Ronald Klain, ex-chefe de Gabinete de Biden que coordenou a resposta do governo Obama à epidemia de ebola de 2013-2016, discute a estratégia de Trump e mostra como Biden responderia. Outra gravação alterna momentos do ex-vice-presidente e de Trump falando sobre o vírus — no final, lê-se “este momento demanda um presidente”, antes de completar: “Em novembro, você poderá eleger um”.

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Um porta-voz da campanha de Trump, Matt Wolking, acusou Biden de usar o coronavírus “para ganhos políticos no exato momento em que o país precisa de otimismo e unidade”:

— É também covarde, porque em vez de mostrar sua própria cara, Biden está pondo seus conselheiros e aliados para fazerem a maior parte do trabalho pesado — afirmou.