WASHINGTON — As famílias americanas estão sentindo no bolso a alta da inflação e a persistência da pandemia. Enquanto isso, um Partido Democrata sem consenso retoma os trabalhos em Washington ainda longe de um acordo sobre o projeto de lei elaborado para proporcionar alívio, alterando impostos e gastos públicos. Apesar de a economia dos EUA ter crescido a uma espetacular taxa anualizada de 6,9% durante o último trimestre de 2021, outros indicadores contam uma história muito diferente. O salário médio está perdendo para a inflação, e a confiança do consumidor despencou em janeiro para o menor nível em mais de uma década.
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O número de pessoas com dificuldades para pagar as contas é o maior desde março de 2021, pouco antes de o governo do presidente Joe Biden começar a distribuir cheques de estímulo e outras medidas de alívio. A parcela da população que passa fome voltou a aumentar.
É um começo desanimador de um ano que terá uma importante eleição legislativa, em que os democratas lutarão para manter ínfima maioria nas câmaras no Congresso.
Biden assumiu a Casa Branca com a ambição de enfrentar desigualdades econômicas arraigadas e melhorar as perspectivas para os pobres e a classe média . No entanto, uma cisão intrapartidária interrompeu o progresso do plano dele, voltado para impostos e gastos sociais.
— Estamos vendo mais uma vez que a pandemia está afetando profundamente as finanças das famílias — disse Claudia Sahm, atual diretora de pesquisa macroeconômica do Jain Family Institute que já trabalhou como economista do Fed, o banco central americano. — São as pessoas que têm menos que continuam sofrendo mais.
Esse aperto financeiro pode diminuir quando a Ômicron der trégua . Mas qualquer avanço permanece vulnerável às variantes da Covid-19, aos contínuos problemas nas cadeias de abastecimento e à capacidade do Fed de frear a inflação sem sufocar o crescimento.
Sem cronograma
A expectativa é que conversas informais em torno do pacote Build Back Better (Reconstruindo Melhor) , de Biden, sejam retomadas nesta semana, segundo uma pessoa a par das movimentações. As negociações azedaram depois que o senador democrata Joe Manchin manifestou oposição ao pacote. Entre os parlamentares republicanos, a oposição é unânime. Como a divisão atual no Senado é de exatamente 50 assentos para cada partido, os democratas precisam do voto de Manchin.
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Em entrevista ao programa This Week, do canal de televisão ABC, no domingo, o senador democrata Dick Durbin contou que está tentando convencer Manchin e outra pessoa contrária, a senadora Kyrsten Sinema, a aceitar um acordo.
— Não quero desistir — disse Durbin. — Já debatemos por tempo suficiente.
A ala progressista dos deputados democratas quer que o acordo saia até 1º de março – data em que Biden discursa no Congresso. Mas a presidente da Câmara de Deputados, Nancy Pelosi, indicou na sexta-feira que essa meta pode não se concretizar.
— Não temos um cronograma — disse Pelosi. — Vamos aprovar o projeto quando tivermos os votos para aprová-lo.
Os democratas não sabem se Manchin prefere esperar o recuo dos índices de inflação antes de fazer um acordo. Em entrevista a uma estação de rádio na semana passada, o senador disse que a inflação persistente é uma razão para adiar o aumento de gastos públicos.
— Você deveria estar morrendo de medo da inflação e do que ela pode fazer — alertou Manchin, acrescentando que está disposto a conversar sobre uma revisão no projeto de lei.