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EUA podem se tornar novo epicentro global do coronavírus, diz OMS

Nova York tem mais de 25 mil casos da doença, equivalente a 7% do total global; Trump volta a reclamar das medidas de confinamento
Arena de patinação de gelo foi convertida em abrigo para moradores de rua em Anchorage, no Alaska, para protegê-los da exposição ao novo coronavírus Foto: Matt Waliszek of Orzel Photograp / via REUTERS
Arena de patinação de gelo foi convertida em abrigo para moradores de rua em Anchorage, no Alaska, para protegê-los da exposição ao novo coronavírus Foto: Matt Waliszek of Orzel Photograp / via REUTERS

GENEBRA e WASHINGTON — A Organização Mundial da Saúde ( OMS ) informou nesta terça-feira que está vendo uma "aceleração muito grande" em número de casos do novo coronavírus nos Estados Unidos , o que potencialmente poderá tornar o país o novo epicentro da pandemia . O vírus respiratório altamente contagioso já infectou mais de 42 mil pessoas no território americano, fazendo com que mais estados ordenassem que sua população fique em casa. Nova York é o estado mais afetado do país e representa metade dos diagnósticos reportados nos EUA , com mais de 25 mil casos — o equivalente a 7% do total mundial.

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Nas últimas 24 horas, 85% dos novos casos no mundo tinham origem na Europa e nos Estados Unidos, conforme informou a porta-voz da OMS, Margaret Harris. Dos novos registros, 40% são dos EUA. Questionada sobre a possibilidade de o país ser o novo epicentro da doença, Harris foi sucinta:

— Estamos vendo uma aceleração muito grande nos casos dos EUA. Então há potencial. Ainda não podemos afirmar que é isso já é uma verdade, mas existe esse potencial — respondeu Harris, que completou: — O país teve um surto muito grande e que está aumentando com intensidade.

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Todos os 50 estados americanos têm pacientes de Covid-19. Hospitais na região metropolitana de Nova York já reportam um aumento expressivo no número de pacientes,bem como a falta de equipamentos essenciais, como respiradores e máscaras de proteção. O aumento expressivo do número de diagnósticos se deu com a expansão da testagem, mostrando larga transmissão comunitária.

Apesar do cenário, a porta-voz da OMS apontou alguns sinais positivos, como testagens mais abrangentes, novos esforços para isolar os doentes e rastrear as pessoas que tiveram contatos com eles e foram expostas ao vírus. Harris também fez menção às histórias "extremamente emocionantes" de como os americanos estavam se ajudando durante a crise.

Trump reclama de confinamento

Enquanto isso, o presidente americano, Donald Trump , anunciou que planeja usar a Lei de Produção de Defesa para comprar 60 mil testes para o novo coronavírus, segundo informaram funcionários do governo ao canal CNN. A lei, que data da Guerra da Coreia, nos anos 1950, autoriza o governo a intervir na indústria para reorientar sua produção.

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Trump acionou a lei na semana passada, mas disse que iria adiar o seu uso até quando fosse necessário, o que gerou críticas de democratas, incluindo a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi , e o governador de Nova York, Andrew Cuomo .

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Apesar da informação veiculada pela CNN, Trump disse pelo Twitter que não precisava da legislação para conseguir mais suprimentos. “A Lei de Produção de Defesa está em pleno vigor, mas não foi usada porque ninguém nos disse NÃO! Milhões de máscaras voltando aos Estados Unidos", escreveu.

Como vem fazendo desde a noite de domingo, o presidente americano voltou a pressionar pelo fim da quarentena. Ainda pelo Twitter, Trump disse que as pessoas precisam voltar a trabalhar, alegando que a "cura não pode ser pior que o problema".

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"Nosso povo quer voltar a trabalhar. Eles vão manter o distanciamento social e tudo mais, e os idosos serão vigiados de forma protetora e amorosa. Nós podemos fazer as duas coisas ao mesmo tempo. A cura não pode ser pior (de longe) do que o problema! O Congresso deve agir agora. Nós voltaremos forte!", escreveu Trump.

Situação global

No geral, a pandemia tem se alastrado rapidamente no mundo. Harris informou que acredita que os casos de Covid-19 e de mortes continuarão a aumentar. Atualmente, 14.652 pessoas morreram e 334.981 contraíram a doença, conforme o último relatório da OMS.

Segundo o painel da organização, que é atualizado com os dados de cada país, a segunda-feira teve o maior aumento diário de infecções desde o início do surto, em dezembro: foram registrados mais 40 mil novos casos.

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A porta-voz da OMS também se disse preocupada com o crescente número de casos em países com sistemas de saúde fracos e uma alta prevalência de HIV. A África do Sul confirmou que o número de casos no país subiu para 554. Os casos foram registrados antes a medida de isolamento de 21 entrasse em vigor, o que está previsto para acontecer a partir da meia-noite de quinta-feira.

— A África do Sul está fazendo o que é necessário, fazendo os testes e rastreando o contágio — disse Harris.