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Mundo Coronavírus

Google registra impacto do novo coronavírus na circulação de pessoas pelo mundo

Pandemia afetou a rotina em 131 países, esvaziando ruas e fechando comércios
Homem caminha com cachorro em frente ao Coliseu, em Roma, na Itália Foto: FILIPPO MONTEFORTE / AFP
Homem caminha com cachorro em frente ao Coliseu, em Roma, na Itália Foto: FILIPPO MONTEFORTE / AFP

RIO — Quem anda pelas ruas das grandes cidades brasileiras percebe a quebra na rotina provocada pela pandemia do novo coronavírus . Por causa das políticas de isolamento social , impostas aos que não podem trabalhar com segurança, todos os dias se parecem com domingos, com comércio fechado e pouca movimentação de pessoas. Usando a tecnologia de localização de seus produtos, o Google divulgou ontem um relatório, mostrando em números a magnitude deste fenômeno em 131 países, inclusive no Brasil.

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“Nós, do Google Maps, já usamos dados agregados e anônimos que indicam a movimentação em determinados lugares. Isso ajuda a identificar, por exemplo, vias com trânsito intenso ou horários de pico em restaurantes”, explicou a companhia, em comunicado assinado por Jen Fitzpatrick, vice-presidente de Geolocalização, e Karen DeSalvo, diretora de saúde do Google Health. “Agora, autoridades sanitárias nos disseram que esse mesmo tipo de dado agregado e anônimo poderia ser útil para tomar decisões fundamentais no combate à Covid-19”.

A Itália , país com maior número de mortes pela doença, com mais de 14 mil confirmações, adotou medidas rígidas para a circulação de pessoas. Praticamente todo o comércio está fechado, incluindo bares e restaurantes. Apenas mercados, farmácias e lojas de artigos considerados essenciais foram mantidos em funcionamento. A recomendação é que toda a população fique em casa. E isso se reflete nos dados coletados pelo Google.

Movimentação na Itália Foto: Editoria de Arte
Movimentação na Itália Foto: Editoria de Arte

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Lojas e estabelecimentos de lazer, que incluem restaurantes, cafés, shopping centers, parques temáticos, museus, bibliotecas e cinemas, registraram queda de 94% no movimento, enquanto em parques e espaços públicos ao ar livre — parques nacionais, praias, marinas, parques para cães, praças e jardins — a queda foi de 90%. Até mesmo em mercados e farmácias, que continuam abertos, a redução no público foi drástica: 85%.

Mas apesar do avanço da doença, muitos precisam continuar trabalhando. O movimento em locais como escritórios e fábricas registrou queda de 63%.

Na Espanha , país europeu com maior número de casos confirmados — mais de 117 mil — e mais de 10 mil mortes, o cenário é o mesmo. Lojas e estabelecimentos de lazer registraram redução de 94% no movimento, enquanto parques e espaços públicos tiveram queda de 89%. Nos locais de trabalho, o percentual foi de 64%.

Movimentação na Espanha Foto: Editoria de Arte
Movimentação na Espanha Foto: Editoria de Arte

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Nos Estados Unidos , que já registram mais de 258 mil casos confirmados da doença, os números do relatório do Google indicam que as pessoas não restringiram tanto a circulação. Em lojas e estabelecimentos de lazer a redução do movimento foi de 47%; em parques, de apenas 19%; e em locais de trabalho, de 38%.

A explicação está na dimensão do país, com estados sofrendo diferentes impactos da epidemia. Em Nova York , o mais afetado pelo coronavírus, o movimento em lojas e espaços de lazer despencou 62%, enquanto no Arkansas o percentual foi de apenas 29%. Nos parques, a queda do público nova-iorquino foi de 47%. Em Dakota do Sul houve um aumento de 126%.

Movimentação nos Estados Unidos Foto: Editoria de Arte
Movimentação nos Estados Unidos Foto: Editoria de Arte

Vida segue no Japão

A reação das populações frente à pandemia também difere entre países. O Japão , por exemplo, continua sendo um mistério para os cientistas. Vizinho da China, registrou seu primeiro caso ainda em janeiro. No mês seguinte, escolas foram fechadas e eventos foram proibidos. Mas a catástrofe esperada para o país com maior percentual da população idosa não aconteceu, e os casos confirmados da doença somam pouco mais de 2 mil, com apenas 60 mortes.

E os dados do Google mostram que a vida por lá segue quase normal. Lojas e estabelecimentos de entretenimento tiveram redução de apenas 26% na movimentação, enquanto nos parques a queda foi de 25% e nos locais de trabalho, de 9%.

Movimentação no Japão Foto: Editoria de Arte
Movimentação no Japão Foto: Editoria de Arte

No Brasil , as lojas e estabelecimentos de entretenimento tiveram queda de 71% no movimento. Nos parques, a redução foi de 70% e nos locais de trabalho, de 34%. São Paulo , o estado que registra maior número de casos da doença, teve recuos de 72%, 71% e 37%, respectivamente.

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No Rio de Janeiro , segundo entre os estados com mais casos da Covid-19 , os percentuais foram de redução de 72% em lojas e espaços de lazer, 74% em parques e 37% em locais de trabalho. Em Minas Gerais , as quedas foram de 66%, 46% e 30%.

Rio de Janeiro e São Paulo Foto: Editoria Arte
Rio de Janeiro e São Paulo Foto: Editoria Arte

Os números são referentes ao dia 29 de março, em comparação com o período de cinco semanas, entre 3 de janeiro e 6 de fevereiro. A empresa enfatiza que os dados são anonimizados, pertencentes apenas a pessoas que optaram por ativar o histórico de localização.

“Esperamos que os relatórios sejam uma nova ferramenta para fundamentar decisões de enfrentamento à pandemia de coronavírus”, diz o Google no comunicado.

Movimentação no Brasil Foto: Editoria de Arte
Movimentação no Brasil Foto: Editoria de Arte