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Itália fecha portos e proíbe desembarque de migrantes por causa de novo coronavírus

Decisão foi tomada após embarcação com 150 refugiados da Líbia tentar atracar no país, o mais afetado pela pandemia
Porto de Naples, na Itália Foto: CIRO DE LUCA / REUTERS
Porto de Naples, na Itália Foto: CIRO DE LUCA / REUTERS

PALERMO — O governo italiano determinou que os portos do país não podem ser considerados seguros por causa da pandemia de novo coronavírus e não deixarão mais barcos com migrantes operados por instituições humanitárias atracarem. A decisão foi tomada na noite de terça-feira, depois que um navio operado pelo grupo não governamental alemão Sea-Eye resgatou cerca de 150 pessoas vindas da Líbia e seguiu para o país.

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"Durante toda a duração da emergência nacional de saúde causada pela propagação da Covid-19 , os portos italianos não podem garantir que os requisitos necessários sejam classificados e definidos como um local seguro", afirmou o decreto.

O estado de emergência no país vai até o dia 31 de julho, mas o prazo pode ser estendido.

A ordem foi assinada pelos ministros do Interior, das Relações Exteriores e dos Transportes e pelo ministro da Saúde, Roberto Speranza, que vem de um partido de esquerda que sempre apoiou as operações de proteção e caridade aos migrantes.

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Após uma queda relativa na chegada de migrantes vindos da África em barcos, os números começaram a aumentar novamente nos dois primeiros meses deste ano, caindo drasticamente em março, quando a Itália foi atingida pela pandemia do novo coronavírus.

Ao todo, 17.127 pessoas já morreram com o vírus na Itália, o número mais alto do mundo, enquanto 135.586 casos foram confirmados desde o surgimento do surto, em 21 de fevereiro.

Navios que patrulham regularmente a costa da Líbia procurando resgatar migrantes de barcos frágeis inicialmente retiraram-se do Mediterrâneo no início da crise de saúde, mas o navio Sea-Eye Alan Kurdi voltou à área na semana passada.

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"Mesmo quando a vida na Europa está praticamente paralisada, os direitos humanos devem ser protegidos", escreveu o grupo no Twitter, ao anunciar que resgatara 150 pessoas. "Agora eles precisam de um porto seguro."

Em um outro comunicado, a instituição pediu à Alemanha que acolha os migrantes:

"Afinal, a Alemanha é o nosso estado de bandeira", afirmou, acrescentando que Berlim havia acabado de trazer para casa 200 mil cidadãos que estavam no exterior por causa do novo coronavírus. "Certamente deve ser algo concebível e humanamente possível enviar um avião para 150 pessoas que procuram proteção no sul da Europa para buscá-las imediatamente", afirmou o documento.

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Enquanto a embarcação da Sea-Eye navega em águas internacionais perto da ilha italiana de Lampedusa, já que está proibido de atracar, barcos menores e autônomos continuam chegando com os migrantes. Um total de 57 pessoas chegou a bordo de um barco na quarta-feira, enquanto outras 70 desembarcaram na terça-feira em barcos separados.