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Le Pen quer promover ligações mais estreitas entre Otan e Rússia se for eleita na França

Candidata da direita radical visitou Kremilin na campanha de 2017, e disse à época que compartilhava 'mesmos valores' do presidente russo
 A candidata ultranacionalista à eleição presidencial francesa, Marine Le Pen, durante entrevista a jornalistas Foto: EMMANUEL DUNAND / AFP
A candidata ultranacionalista à eleição presidencial francesa, Marine Le Pen, durante entrevista a jornalistas Foto: EMMANUEL DUNAND / AFP

PARIS — A candidata da extrema direita à eleição presidencial francesa, Marine Le Pen, disse nesta quarta-feira que, assim que a guerra na Ucrânia terminar , proporá laços mais estreitos entre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a Rússia. Em uma entrevista para jornalistas estrangeiros, ela disse querer esclarecer “mal-entendidos” sobre sua política externa.

A candidata do partido Reunião Nacional (RN) ficou quatro pontos percentuais atrás do presidente francês, Emmanuel  Macron , no primeiro turno, realizado no domingo, e as pesquisas de opinião a colocam novamente atrás de Macron no segundo turno, em 24 de abril.

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Uma vitória de Le Pen no segundo turno, no entanto, repercutiria pela Europa, instalando um profundo clima eurocético no Palácio do Eliseu. Na última campanha, há cinco anos, a candidata mostrou sua admiração pelo presidente russo, Vladimir Putin, em uma polêmica visita a Moscou.

— Assim que a guerra russo-ucraniana terminar e for resolvida por um tratado de paz, pedirei a implementação de uma reaproximação estratégica entre a Otan e a Rússia — disse Le Pen.

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Antes de enfrentar Macron no segundo turno da eleição de 2017, Le Pen visitou Putin no Kremlin . À época, declarou com admiração que compartilhava os mesmos valores do presidente russo e que uma “nova ordem mundial” surgiria com ele,  o então presidente americano Donald Trump e ela no comando.

Manifestantes afirmam que líder da extrema direita mente para vencer
Manifestantes afirmam que líder da extrema direita mente para vencer

Desde a invasão russa à Ucrânia, Le Pen vem tentando se afastar de Putin e disse ser “independente” de qualquer nação estrangeira. A entrevista desta quarta-feira foi brevemente interrompida quando um manifestante exibiu uma foto do encontro de 2017 com Putin, recortada em forma de coração. O manifestante foi retirado da sala por seguranças.

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Na entrevista, Le Pen também disse buscar uma versão mais flexível da União Europeia, mas reafirmou que manteria a França no bloco — ela abandonou algumas propostas impopulares de abandonar o euro ou deixar a UE .

— Ninguém é contra a Europa. Eu não deixaria de pagar a contribuição da França para a UE, mas quero diminuí-la.

Sobre a Alemanha, a candidata disse que deseja manter uma relação próxima com Berlim, mas alertou que existem diferenças estratégicas entre os dois, o que significaria o fim de uma série de programas militares conjuntos.

— Eu continuaria a reconciliação, mas sem seguir o modelo Macron-Merkel de cegueira francesa em relação a Berlim — afirmou.