PARIS — O presidente francês, Emmanuel Macron, atacou o primeiro-ministro da Polônia por apoiar sua principal rival, Marine Le Pen, no momento em que a campanha para as eleições presidenciais de domingo na França entra em sua fase final e as pesquisas mostram uma disputa muito mais acirrada do que o previsto.
Em entrevista ao jornal Le Parisien, Macron chamou o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, de “um antissemita de direita que bane as pessoas LGBT+”.
— Ele apoia Marine Le Pen, a quem recebeu em várias ocasiões. Não sejamos ingênuos, ele quer ajudá-la antes das eleições! — disse, referindo-se à candidata da Reunião Nacional, de extrema direita, que se aproxima dele nas pesquisas de intenção de voto.
As declarações acontecem depois que Morawiecki, do partido ultranacionalista Lei e Justiça (PiS), criticou Macron por ter poucos resultados a mostrar após seus esforços para acabar com a crise na Ucrânia, apesar de suas conversas regulares com o presidente russo, Vladimir Putin.
— Quantas vezes você negociou com Putin e o que você conseguiu? — questionou Morawiecki em Varsóvia, na segunda-feira, dirigindo-se a Macron. — Não negociamos com criminosos. Os criminosos precisam ser combatidos. Ninguém negociou com Hitler. Você negociaria com Hitler, com Stalin, com Pol Pot?
Respondendo à crítica de Macron, o porta-voz do governo polonês Piotr Muller disse que era uma “mentira” que Morawiecki fosse antissemita. O Ministério das Relações Exteriores convocou o embaixador francês em Varsóvia para protestar contra os comentários do presidente.
Desde dezembro, Macron conversou pelo menos 16 vezes com Putin , primeiro para tentar evitar uma guerra; depois para tentar chegar a um cessar-fogo. Le Pen, por sua vez, conseguiu um empréstimo de uma empresa russa em 2014.
Ao Le Parisien, Macron afirmou que não era ingênuo e disse que sabia que a França poderia ajudar nas negociações para encerrar o conflito. Segundo o presidente francês, sua iniciativa visa a “ajudar a garantir a paz assim que um cessar-fogo for alcançado”.
Na entrevista, o presidente também acenou para a esquerda prometendo aumentar o salário mínimo e os gastos sociais, e chamou o programa de Le Pen, que se aproxima dele nas pesquisas, de "racista".
— Há uma clara estratégia [de Le Pen] de esconder o que há de brutal em seu programa. O fundamental não mudou: é um programa racista que procura dividir a sociedade.
A candidata se disse "chocada" com a acusação, que chamou de "agressiva". Ela disse que seu programa, que inclui acrescentar uma "prioridade para os nacionais" à Constituição da França, não discrimina pessoas com base em sua origem, desde que elas tenham um passaporte francês.