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Manifestantes enfrentam a polícia pelo 2º dia na Catalunha e defendem referendo sobre independência

Líder do movimento separatista e condenado a 13 anos de prisão, Oriol Junqueras diz que 'ideias não podem ser atrapalhadas pela prisão'; chanceler chama movimento de 'totalitário'
Polícia avança contra barricada montada por manifestantes em uma rua de Barcelona. Protestos bloquearam estradas e o principal aeroporto da região Foto: ALBERT GEA / REUTERS
Polícia avança contra barricada montada por manifestantes em uma rua de Barcelona. Protestos bloquearam estradas e o principal aeroporto da região Foto: ALBERT GEA / REUTERS

BARCELONA — Pelo segundo dia consecutivo, milhares de pessoas foram às ruas de cidades por toda a Catalunha protestar contra a condenação a vários anos de prisão de nove ativistas pró-independência, por causa da participação deles em uma fracassada iniciativa para separar a região da Espanha, em 2017.

Os atos começaram de forma pacífica, comcerca de 40 mil pessoas levando velas nas mãos e com gritos pedindo a liberdade dos presos. Horas depois, houve confronto, especialmente em Barcelona , com a polícia usando bombas de gás e balas de borracha contra os manifestantes, que respondiam com coquetéis molotov e pedras. Alguns tentaram invadir áreas próximas a edifícios do governo espanhol na cidade, bloqueadas para evitar atos de vandalismo.

Manifestantes enfrentam tropa de choque nas ruas de Barcelona, em uma continuação dos protestos contra a condenação de nove ativistas pró-independência Foto: PAU BARRENA / AFP
Manifestantes enfrentam tropa de choque nas ruas de Barcelona, em uma continuação dos protestos contra a condenação de nove ativistas pró-independência Foto: PAU BARRENA / AFP

Na segunda-feira, pouco depois do anúncio da sentença, milhares de pessoas tomaram as ruas em repúdio à decisão. Algumas estradas e vias expressas foram bloqueadas e, assim como nesta terça, houve confronto. Até o aeroporto internacional de El Prat , um dos mais movimentados do país, foi afetado, levando ao cancelamento de 110 voos na segunda-feira e outros 45 na terça.

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Um dos principais líderes do movimento separatista, Oriol Junqueras , condenado a 13 anos de prisão, disse que um novo referendo sobre a independência da Catalunha “é inevitável”.

— Não vamos parar de pensar o que nós pensamos, ideais não podem ser atrapalhados por penas de prisão — disse, pouco depois de ser condenado.

Na mesma linha, Diana Riba , mulher do ativista Raul Romeva, também condenado à prisão, disse que o processo de secessão pode levar tempo, mas “vai prevalecer”.

— Nós vamos ver os resultados, assim como vimos com o movimento feminista, como ele cresceu até ficar muito grande e conseguir os direitos que buscava.

Com seu violão, homem passa por barricada montada por manifestantes pró-independência da Catalunha, durante protesto em Barcelona Foto: RAFAEL MARCHANTE / REUTERS
Com seu violão, homem passa por barricada montada por manifestantes pró-independência da Catalunha, durante protesto em Barcelona Foto: RAFAEL MARCHANTE / REUTERS

O chefe do governo catalão, Quim Torra , demonstrou apoio aos manifestantes, dizendo que “começou uma nova etapa”, exigindo que Madri preste atenção às demandas e comece as negociações sobre a situação catalã.

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Porém, o governo espanhol não deu sinais de que esteja disposto a negociar com o movimento separatista. Na segunda-feira, logo após a decisão, o premier em exercício Pedro Sánchez considerou que a decisão judicial ocorreu de forma isenta, descartando um indulto, como pediram os manifestantes.

Nesta terça, o chanceler em exercício, Josep Borrell , disse que a questão da Catalunha “continua a ser um problema político a ser resolvido”, porém, ressaltou, com soluções encontradas dentro da Constituição, que não vislumbra a hipótese de uma região deixar a Espanha. Ele também disse que a visão defendida por muitos dos que estão nas ruas é “totalitária”, uma vez que não leva em consideração aqueles que querem permanecer sob o comando de Madri. No começo da noite, o governo espanhol emitiu comunicado denunciando o que chama de "violência generalizada por parte de uma minoria", e se compromete a garantir a segurança na Catalunha.