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Ministro da Saúde da Bolívia é preso sob a acusação de compra superfaturada de respiradores para Covid-19

Preço pago por unidade é quase três vezes maior do que o verdadeiro cobrado por empresa fornecedora
Bolívia consegue até agora manter sob controle número de casos e vítimas da Covid-19 Foto: CARLOS MAMANI / AFP
Bolívia consegue até agora manter sob controle número de casos e vítimas da Covid-19 Foto: CARLOS MAMANI / AFP

LA PAZ — A polícia da Bolívia prendeu nesta quarta-feira o ministro da Saúde do país, Marcelo Navajas, como parte das investigações sobre a compra superfaturada de 179 respiradores espanhóis para pacientes com a Covid-19, informou um chefe da instituição.

Navajas está detido nas dependências da Força Especial da Luta Contra o Crime (FELCC) da cidade de La Paz, afirmou o comandante da unidade, o coronel Iván Rojas, um dia depois de a presidente interina do país, Jeanine Áñez, ordenar a investigação da compra por "possível corrupção".

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Outros dois funcionários da saúde também foram detidos pela polícia. Como a compra dos 179 ventiladores por quase US$ 5 milhões, cerca de R$ 28 milhões, foi feita com o financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), dois funcionários do órgão internacional foram convocados para depor.

A Bolívia adquiriu os equipamentos da Espanha por um preço unitário de US$ 27,6 mil (mais de R$ 156 mil). No entanto, logo veio à tona que a empresa oferece os respiradores por valores entre € 9,5 mil e € 11 mil, algo entre US$ 10,3 mil e US$ 11,9 mil dólares (de R$ 58.549 a R$ 67.644). Outra empresa espanhola serviu como intermediária.

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O escândalo começou no fim de semana passado, com a queixa dos médicos de unidades de terapia intensiva (UTIs), que denunciaram que as máquinas não eram adequadas para os hospitais bolivianos. Logo surgiram os relatórios de que havia sido pago um sobrepreço por elas.

A Covid-19 contaminou até o momento 4,5 mil pessoas e provocou cerca de 190 mortes na Bolívia, que permanece sob quarentena e com suas fronteiras fechadas desde 17 de março e até o fim deste mês.

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A pandemia agravou a crise política no país, com o adiamento das eleições presidenciais que estavam previstas para 3 de maio. O candidato do ex-presidente Evo Morales, o ex-ministro da Economia Luis Arce, liderava as pesquisas.

A senadora Jeanine Áñez, que assumiu a Presidência depois da renúncia de Morales em uma posse cuja legalidade é contestada, é candidata. O Congresso, onde o partido de Morales tem maioria, marcou o novo pleito para o início de agosto, mas ainda não há entendimento com o governo interino nem com o TSE local.