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Mortes na Espanha voltam a crescer e batem recorde diário de 769; França prolonga quarentena

Segundo governo espanhol, taxa de crescimento do número de mortos se estabilizou, sinal de que pico da pandemia pode estar próximo
Paramédicos transportam doente para hospital na região de Madri Foto: JAVIER SORIANO / AFP / 26-03-2020
Paramédicos transportam doente para hospital na região de Madri Foto: JAVIER SORIANO / AFP / 26-03-2020

MADRI — Após um dia de queda , as mortes registradas na Espanha em razão do novo coronavírus voltaram a crescer nas últimas 24 horas, atingindo o recorde de 769 para um dia. Com isso, o número total de mortos no país chegou a 4.858, com 64.059 casos registrados da doença. Em paralelo, a crise vem se agravando na vizinha França , onde os hospitais estão à beira do colapso. Frente à crise e ao temor de uma nova onda de contágios, o governo francês anunciou a prorrogação do confinamento do país até ao menos 15 de abril.

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Em seu boletim diário, a força-tarefa do governo espanhol de combate ao coronavírus anunciou que o número de mortes aumentou 19% em relação ao dia anterior , quando havia sido registradas 655 vítimas fatais. Segundo o chefe de emergência do país, Fernando Simón, isto não é um sinal de piora do panorama, pelo contrário: apesar do aumento, a taxa de crescimento no número de óbitos começa a se estabilizar — sinal da proximidade do pico da pandemia.

— Em termos percentuais, o aumento de hoje é similar ao dos últimos três dias, o que parece nos mostrar uma clara estabilização — disse Simón. Na quarta e na quinta , segundo a agência Reuters, o aumento no número de mortes havia sido de 27% e 19%, respectivamente.

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O número absoluto dos casos confirmados nas últimas 24 horas, por sua vez, teve uma queda: na quinta-feira, os infectados haviam sido 8.578 e nesta sexta, foram 7.921. O crescimento de novos casos no último dia foi de 14% — na quinta havia sido 18% e na quarta, 20%. O número de pessoas internadas em centros de terapia intensiva também vem reduzindo: entre quinta e sexta, foram admitidas 486 pessoas, 27 a menos que no dia anterior. O número total de pessoas curadas também cresceu, chegando a 9.357.

Devido ao período de incubação da doença e a evolução dos sintomas, o governo espanhol espera que o pico de internações em UTIs ocorra na semana que vem e que, a partir daí, o número de mortos comece a registrar quedas absolutas. O cenário no país continua pior nas regiões de Madri e Barcelona: na capital, morreram 322 pessoas nas últimas 24 horas. Na região da Catalunha, os mortos foram 208.

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França no limite

A Espanha é hoje o quarto país do mundo com mais casos registrados do novo coronavírus, atrás apenas dos EUA, da China e da Itália. Na vizinha França, sétimo país mais afetado pela crise, o panorama também não é bom: são, até o momento, 29.581 casos da Covid-19, com 1.698 mortes. De quarta para quinta, foram registradas 365 mortes, maior quantia desde que a pandemia começou.

A França está sob quarentena desde o último dia 17, mas especialistas esperam uma onda de novos casos da Covid-19 na semana que vem, dado o período de incubação do Sars-CoV-2: no final de semana anterior à imposição da medida, o país realizou eleições municipais e, apesar de casos já registrados, praças e parques estiveram lotados. Nesta sexta-feira, o governo anunciou o prolongamento do confinamento por 15 dias adicionais, prolongando o período até 15 de abril e advertiu que, caso seja necessário, voltará a prorrogá-lo.

Mais de 25% dos casos registrados no país, segundo o governo francês, estão concentrados na capital, onde há aproximadamente 1,3 mil pessoas em leitos de terapia intensiva. Segundo o primeiro-ministro Edouard Philippe, "a situação deverá ficar muito difícil nos próximos dias", frente à previsão de que os centros de saúde parisienses fiquem saturados nas próximas 24 horas.

O país já aumentou seu número de leitos de 5 mil para quase 8 mil — apenas em Paris, o acréscimo foi de 1,2 mil unidades, mas ainda assim a situação é grave. Na quinta, uma menina de 16 anos sem condições de saúde agravantes morreu na capital, faixa etária na qual casos graves da doença são raros.

O Exército foi convocado para auxiliar nas transferências que começaram na quinta, com pacientes levados em trens de alta velocidade para o oeste do país. Centros de isolamento e clínicas de atendimento adicionais também estão sendo construídos na região de Paris, para evitar a superlotação de hospital e garantir o isolamento dos doentes.