MADRI — Após um dia de queda , as mortes registradas na Espanha em razão do novo coronavírus voltaram a crescer nas últimas 24 horas, atingindo o recorde de 769 para um dia. Com isso, o número total de mortos no país chegou a 4.858, com 64.059 casos registrados da doença. Em paralelo, a crise vem se agravando na vizinha França , onde os hospitais estão à beira do colapso. Frente à crise e ao temor de uma nova onda de contágios, o governo francês anunciou a prorrogação do confinamento do país até ao menos 15 de abril.
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Em seu boletim diário, a força-tarefa do governo espanhol de combate ao coronavírus anunciou que o número de mortes aumentou 19% em relação ao dia anterior , quando havia sido registradas 655 vítimas fatais. Segundo o chefe de emergência do país, Fernando Simón, isto não é um sinal de piora do panorama, pelo contrário: apesar do aumento, a taxa de crescimento no número de óbitos começa a se estabilizar — sinal da proximidade do pico da pandemia.
— Em termos percentuais, o aumento de hoje é similar ao dos últimos três dias, o que parece nos mostrar uma clara estabilização — disse Simón. Na quarta e na quinta , segundo a agência Reuters, o aumento no número de mortes havia sido de 27% e 19%, respectivamente.
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O número absoluto dos casos confirmados nas últimas 24 horas, por sua vez, teve uma queda: na quinta-feira, os infectados haviam sido 8.578 e nesta sexta, foram 7.921. O crescimento de novos casos no último dia foi de 14% — na quinta havia sido 18% e na quarta, 20%. O número de pessoas internadas em centros de terapia intensiva também vem reduzindo: entre quinta e sexta, foram admitidas 486 pessoas, 27 a menos que no dia anterior. O número total de pessoas curadas também cresceu, chegando a 9.357.
Devido ao período de incubação da doença e a evolução dos sintomas, o governo espanhol espera que o pico de internações em UTIs ocorra na semana que vem e que, a partir daí, o número de mortos comece a registrar quedas absolutas. O cenário no país continua pior nas regiões de Madri e Barcelona: na capital, morreram 322 pessoas nas últimas 24 horas. Na região da Catalunha, os mortos foram 208.
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França no limite
A Espanha é hoje o quarto país do mundo com mais casos registrados do novo coronavírus, atrás apenas dos EUA, da China e da Itália. Na vizinha França, sétimo país mais afetado pela crise, o panorama também não é bom: são, até o momento, 29.581 casos da Covid-19, com 1.698 mortes. De quarta para quinta, foram registradas 365 mortes, maior quantia desde que a pandemia começou.
A França está sob quarentena desde o último dia 17, mas especialistas esperam uma onda de novos casos da Covid-19 na semana que vem, dado o período de incubação do Sars-CoV-2: no final de semana anterior à imposição da medida, o país realizou eleições municipais e, apesar de casos já registrados, praças e parques estiveram lotados. Nesta sexta-feira, o governo anunciou o prolongamento do confinamento por 15 dias adicionais, prolongando o período até 15 de abril e advertiu que, caso seja necessário, voltará a prorrogá-lo.
Mais de 25% dos casos registrados no país, segundo o governo francês, estão concentrados na capital, onde há aproximadamente 1,3 mil pessoas em leitos de terapia intensiva. Segundo o primeiro-ministro Edouard Philippe, "a situação deverá ficar muito difícil nos próximos dias", frente à previsão de que os centros de saúde parisienses fiquem saturados nas próximas 24 horas.
O país já aumentou seu número de leitos de 5 mil para quase 8 mil — apenas em Paris, o acréscimo foi de 1,2 mil unidades, mas ainda assim a situação é grave. Na quinta, uma menina de 16 anos sem condições de saúde agravantes morreu na capital, faixa etária na qual casos graves da doença são raros.
O Exército foi convocado para auxiliar nas transferências que começaram na quinta, com pacientes levados em trens de alta velocidade para o oeste do país. Centros de isolamento e clínicas de atendimento adicionais também estão sendo construídos na região de Paris, para evitar a superlotação de hospital e garantir o isolamento dos doentes.