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Na China, risco de nova onda de infecções por coronavírus persiste, apesar da queda no número de casos

Segundo Comissão Nacional de Saúde, a transmissão doméstica foi praticamente interrompida, mas casos 'importados', estão crescendo
Médico testa paciente para coronavírus em uma clínica de Wuhan, na China Foto: NOEL CELIS / AFP/28-03-2020
Médico testa paciente para coronavírus em uma clínica de Wuhan, na China Foto: NOEL CELIS / AFP/28-03-2020

WUHAN, China – A China relatou 45 novos casos de coronavírus neste sábado, abaixo dos 54 do dia anterior, com todos, exceto um, envolvendo viajantes do exterior, informou a Comissão Nacional de Saúde chinesa. Dados da comissão ainda mostraram que nos últimos sete dias, a China notificou 313 casos importados de coronavírus, mas apenas seis casos confirmados de transmissão doméstica.

A maioria desses casos importados envolveu o retorno de chineses do exterior para casa. As companhias aéreas receberam ordens para cortar drasticamente os vôos internacionais a partir de domingo. E as restrições de entrada de estrangeiros no país entraram em vigor no sábado.

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– A transmissão doméstica foi basicamente interrompida – disse Mi Feng, porta-voz da Comissão Nacional de Saúde. -- A China já tem um total acumulado de 693 casos vindos do exterior, o que significa que a possibilidade de uma nova rodada de infecções permanece relativamente grande.

Mais cinco pessoas morreram no sábado, todas elas em Wuhan, a cidade industrial central onde a epidemia começou em dezembro. Mas Wuhan, capital da província de Hubei, registrou apenas um novo caso nos últimos 10 dias.

Um total de 3.300 pessoas já morreram na China continental, com mais de 81.400 infecções relatadas.

O sábado marcou o quarto dia consecutivo em que a província de Hubei não registrou novos casos confirmados. O único caso de coronavírus transmitido domesticamente foi registrado na província de Henan, na fronteira com Hubei.

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Com as restrições de tráfego na província suspensas, Wuhan também está reabrindo gradualmente as fronteiras e reiniciando alguns serviços de transporte local.

– Está muito melhor agora, havia tanto pânico naquela época. Não havia pessoas na rua. Nada. Como era assustadora a situação de epidemia foi – disse à Reuters um homem de sobrenome Su, que se aventurou a sair de casa para comprar mantimentos em Wuhan.

Retorno à normalidade

Todos os aeroportos de Hubei retomaram parcialmente seus vôos domésticos no domingo, com exceção do aeroporto Tianhe, que abrirá para vôos domésticos em 8 de abril. Os vôos de Hubei a Pequim permanecem suspensos. Um trem chegou a Wuhan no sábado pela primeira vez desde que a cidade foi confinada há dois meses. Saudando o trem, o secretário do Partido Comunista de Hubei, Ying Yong, descreveu Wuhan como "uma cidade cheia de esperança" e disse que o heroísmo e o trabalho duro de seu povo "basicamente interromperam a transmissão" do vírus.

Mais de 60 mil pessoas entraram em Wuhan no sábado, depois que os serviços ferroviários foram oficialmente reiniciados, com mais de 260 trens chegando ou viajando, informou o People's Daily neste domingo.

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Ruas e trens do metrô, porém, ainda estavam praticamente vazios em meio a um dia frio e chuvoso. Sinais luminosos no metrô de Wuhan, que retomaram as operações no sábado, avisavam que seus carros manteriam a capacidade de passageiros em menos de 30%.

Hoje, o governo de Hubei disse em sua conta oficial no WeChat que vários shoppings em Wuhan, assim como o cinturão de compras Chu River e Han Street, poderão retomar as operações em 30 de março.

Surgiram preocupações de que um grande número de pacientes assintomáticos não diagnosticados possam retornar à circulação assim que as restrições de transporte forem aliviadas.

O principal consultor médico da China, Zhong Nanshan, minimizou esse risco em comentários à emissora estatal CCTV neste domingo. Zhong disse que os pacientes assintomáticos geralmente são encontrados por meio de rastreamento dos contatos dos casos confirmados, que até agora não mostravam sinais de recuperação.

Com a expectativa de que a segunda maior economia do mundo encolha pela primeira vez em quatro décadas neste trimestre, a China deve liberar centenas de bilhões de dólares em estímulos.

O Partido Comunista, no poder, pediu na sexta-feira um maior déficit orçamentário, a emissão de mais títulos locais e nacionais e medidas para reduzir as taxas de juros, atrasar o pagamento de empréstimos, reduzir os gargalos da cadeia de suprimentos e aumentar o consumo.